Tuesday, June 5, 2007

Vão lá ver que vale a pena

De vez em quando, não muitas vezes porque não sou facilmente impressionável, quer para o bem quer para o mal, encontro coisas que realmente me surpreendem. O blogue «Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...» foi uma delas. De génio. A título de exemplo, deixo aqui este excerto do post «Ira»:

Depois do cinema, já cá fora, encontro um indivíduo na paragem do autocarro que come Oreos como se fossem bolachas Maria. Trinca e pronto. Irritam, estas pessoas que não sabem comer uma Oreo. Há uma razão para a Oreo ser como é. Para enfardar uma Oreo na sua plenitude, deve-se retirar metade, lamber o branco como se fossemos deficientes ou estivéssemos com a boca dormente por causa da anestesia cavalar no dentista, e depois comer a outra metade. É assim que se come uma Oreo, mas ainda há para aí muito calhau com olhos que come aquilo como se fosse uma carcaça de pão. Por falar em dentista, a parvinha da recepcionista já parava de me perguntar coisas como “Ora, marcamos a próxima consulta para dia 20 de Novembro de 2007. De manhãzinha, às 10h. Pode ser?”. Sei lá se pode! Falta quase um ano, minha tansa. A única coisa que lhe consigo dizer é “a que dia da semana é isso?”. Ela responde com um “é uma terça” ou uma coisa dessas, ao que eu reajo com um “pois, ‘tá bem” como se o facto de ser a uma terça fizesse alguma diferença. Depois, e isto já m’aconteceu várias vezes, pelo menos mais que uma, se ligo para lá uma semana antes do dia 20 de Novembro de 2007 a dizer que, afinal, não vai dar para ir porque não sei quê, ela solta um “pois, compreendo”. Mas é um “pois, compreendo” envolto num claríssimo “então, ó minha besta, não sabias dizer isso quando marcámos a consulta, quase um ano antes? Eu não te perguntei se podia, meu patego?”. Eu bem lhe topo o tom. É isto que o “pois, compreendo” dela me está a dizer. Só me dá vontade de lhe dizer “Fod*-**, parem mas é de marcar consultas quase um ano antes ou o cara-***, fod*-**! Mas isso tem algum jeito, sua marrã da me***? Um ano antes, sei lá eu bem ou o cara*** se vou estar ocupado numa terça de manhã”. Mas não digo. Não que tenha dúvidas em relação ao tom dela. Eu sou espectacularmente bom a captar tons, não estou é para me chatear. Porque, se estivesse para me chatear, atacava logo à dentada o pescoço de quem me diz “olha o cinco de paus” quando estou a jogar solitário. Eu sei que está lá o cinco de paus, vacão! Não posso estar a guardá-lo? Além disso, por que raio estás tu a ver-me jogar solitário? Isso é que é uma bela existência que para aí vai. Jogar já é triste que chegue, mas ver jogar é todo um outro campeonato.

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