Sunday, July 29, 2007

Contratem-no

Tenho a dizer que se o Freddy Adu sempre vier para o Benfica fico bem contente. O puto é bom, acreditem, e, coitado, aqui ninguém lhe liga nenhuma. Estes americanos não gostam mesmo de futebol e, pior do que tudo, não querem gostar.

Ainda no outro dia ouvi num programa qualquer alguém a dizer que o futebol só é popular no resto do mundo porque é um desporto barato e que, por isso mesmo, pode ser praticado em países pobres que não têm capacidade para suportar desportos que implicam material caro como, por exemplo, o futebol americano, esse sim, na opinião do comentador, um desporto emocionante. Não duvido que seja por isso que os brasileiros são os melhores do mundo a jogar à bola, não duvido até que, na sua origem, o futebol se tenha desenvolvido por estar, de facto, ao alcance do todos, mas que mal é que isso tem? Se essa questão tem alguma relevância para a discussão, devia até ser um ponto positivo, não? E mais: só países pobres é que gostam futebol? O Japão é pobre? A China? A Europa toda? É tudo pobre? Que tal esta explicação: o resto do mundo prefere o futebol ao futebol americano, porque o futebol americano é uma seca do caraças! Que tal, hein?

Os americanos dizem que não gostam de futebol porque não é emocionante nem agressivo, mas eu gostava de saber quantos deles é que já viram um jogo de futebol do princípio ao fim. Não é agressivo? Já viram o Petit a jogar, por acaso? Bom, para mim, os americanos não gostam de futebol por duas razões: porque não são bons a jogar futebol e não faz parte do espírito americano gostar de uma coisa em que não são os melhores, e, acima de tudo, porque as estações de televisão não querem que os americanos gostem de futebol uma vez que não há paragens durante o jogo de cinco em cinco minutos para publicidade.

Friday, July 27, 2007

O maravilhoso mundo do audio-livros

Descobri recentemente o maravilhoso mundo dos audio-livros e estou fã. Ter alguém a ler por nós é, parece-me, o cúmulo da preguiça, mas admito: gosto disso. É como se contratássemos uma pessoa para nos contar uma história, só a nós, ao ouvido, e essa pessoa fosse atrás de nós para todo o lado. Para o metro, para o supermercado fazer compras, a pessoa vai sempre connosco, comprimida no iPod, em formato mp3.

Já li, ou melhor ouvi, dois livros. Comecei por um clássico infantil: «Alice no País das Maravilhas». A minha leitora tinha boa entoação, mas sibilava bastante, o que se pode tornar algo incomodativo passado um bocado. Parece-me que, se um pessoa decide gravar-se a ler um livro, deve ter uma dicção perfeita. Não deve sibiliar. Nem ser daquelas pessoas que não consegue dizer os L's. Nem muito menos ser gaga porque, para além disso prejudicar o natural fluir da história, ocuparia mais espaço no iPod uma vez que o ficheiro seria obviamente maior.

A outra obra que ouvi foi um conto chamado «The Monkey's Paw» porque me lembrei que o meu amigo Henrique estava sempre a falar nisso. A história é interessante, mas este post não é uma crítica literária. No que verdadeiramente interessa, isto é, a qualidade da leitura, devo dizer que ela foi bastante satisfatória. Por duas razões. Primeiro, porque cada vez que uma personagem diferente falava, o leitor era também diferente, de maneira que, no fundo, não estamos bem na presença de um audio-livro, mas mais uma audio-peça-de-teatro. E depois porque o leitor que fazia de narrador tinha um sotaque britânico que se adequava muito bem ao texto. Acho que se deve ter isso em atenção. Se a história é para crianças, ela deve ser lida como uma mãe a ler um livro a uma criança; se é um romance, então sou da opinião que a leitora deve possuir uma voz sexy, tipo aquelas do «me liga, vai» (bom, isso talvez já seja uma fantasia minha); e por aí fora. Mas sem exageros... Isto é, se estivermos a falar, por exemplo, de um livro com uma forte componente humorística, como... vamos lá... o livro da Carolina Salgado, não é obrigatoriamente necessário chamar um palhaço para ler a obra. Pode ser, mas não é obrigatório.

Tuesday, July 24, 2007

Hum...

Sábado passado fui a um open house na New York Film Academy. Estou a pensar tirar um curso de edição de vídeo e fui à sessão para me deixar convencer de que é mesmo uma boa ideia. Mas isso não aconteceu. Não fiquei convencido. E, como estamos aqui a falar de uma coisa de quatro semanas que custa quatro mil dólares, agora não sei muito bem o que fazer. Curtia tirar o curso, até porque é uma maneira de começar a fazer contactos no meio audiovisual e perceber melhor como as coisas funcionam por aqui, mas talvez haja melhores opções. Tenho de investigar.

Friday, July 20, 2007

Cheiros de NYC - II

Há dias que, quando saio à rua, cheira mal à brava lá fora. Não sei se é dos esgotos, se é do vento que sopra de New Jersey, ou se é de outra qualquer. Até chego a pensar que sou. Mas raramente sou.

Thursday, July 19, 2007

Falso alarme

Pronto! Uma explosãozinha e fica tudo a pensar que é o Bin Laden outra vez. Epá, este pessoal anda mesmo assustadiço. Quer dizer... a explosão ainda foi grande... e aconteceu numa das zonas mais movimentadas de Manhattan... pensando melhor, se eu estivesse por ali, também fugia a sete pés.

Wednesday, July 18, 2007

Post matinal num dia de trovoada

Nestes últimos dias não tenho feito nada de interessante. Ando a trabalhar a dobrar para conseguir ter férias em Agosto e, quando fecho a loja, não tenho paciência para sair de casa. Deixo-me ficar no sofá, papo um programa ou dois de televisão, jogo umas partidas de poker online, e, quando dou por mim, já é tarde como o caraças. Em Lisboa, o tempo passa mais depressa do que nos Açores, é um facto, mas, aqui, olho para o relógio são nove da manhã, como agora, volto a olhar são cinco e meia, olho de novo são dez para a meia-noite.

Outra coisa, a propósito do título deste post: nunca vivi num sítio em que trovejasse com tanta frequência como aqui. Sem querer exagerar, asseguro que troveja, pelo menos, umas cinco vezes por mês. Tem a sua piada e o seu encanto, sem dúvida, mas, por respeito a quem quer dormir, deviam marcar as trovoadas para depois das sete da manhã.

Wednesday, July 11, 2007

Cenoura mágica

A febre de reality shows por aqui é impressionante. Não de coisas como «Big Brother» porque isso já não pega. A moda parece ser programas do género dos «Ídolos», mas em que os concorrentes fazem outras coisas em vez de cantar. Há um com bailarinos, outro com comediantes de stand-up, três ou quatro com chefes de cozinha, outros tantos com designers de moda, arquitectos de interiores ou cabeleireiros, há um com realizadores de cinema, um com imitadores, e mais uma data deles que agora não me lembro.

De todos eles, destacaria hoje o «American Inventor» que, como o próprio nome indica, é uma espécie de concurso de invenções. Isso é tudo o que precisavam de dizer para me fazer ver o programa. Sou apanhado por invenções e ideias engenhosas. Contudo, tal como os «Ídolos» dava tempo de antena aos piores cantores que apareciam nas audições, este «American Inventor» faz o mesmo com as invenções mais absurdas que são apresentadas. Eu podia encher uma página do blogue só com alguns exemplos, mas vou apenas mencionar este: o comprimido mágico de cenoura.

A ideia é simples e baseia-se no mito de que quem comer muitas cenouras fica cor-de-laranja. Para o inventor, esse é o segredo do bronzeamento ideal e livre de cancro e, portanto, nada melhor do que fabricar comprimidos de cenoura concentrada que dariam de imediato a quem os ingerisse um bronze de fazer inveja. Mas há mais. Como se isso não fosse já suficiente, o inventor, que se auto-nomeia o Einstein dos tempos modernos, planeia falar com os melhores cientistas do mundo e, recorrendo ao seu fantástico poder de persuasão, convencê-los de que isso de procurar cura para a sida é uma perda de tempo e um desperdício das suas capacidade, e que o importante mesmo é conseguir alterar geneticamente as cenouras de modo a que elas possam ter várias cores e, assim, se possam fabricar comprimidos que permitam às pessoas serem da cor que bem entenderem.

É disto que o mundo precisa, pá! Faz falta mais pessoas azuis e verdes. Como é que este gajo não passou à ronda seguinte?

Monday, July 9, 2007

Melhorias notórias

Sábado foi dia de golfe e, ao contrário da primeira vez que fui a um driving range aqui em Nova Iorque, desta vez saí de lá satisfeito. Registo melhorias assinaláveis e, para o fim, já eram mais as bolas em que acertava do que aquelas que falhava.

Sem ninguém que perceba do assunto para nos ajudar, eu e a Jennifer vamos tentando corrigir o que nos parece que o outro não está a fazer bem, mais por comparação com as outras pessoas que estão a bater bolas ao nosso lado do que por sabermos o que estamos a dizer. E, pelos vistos, a estratégia está a dar os seus frutos porque o nosso swing está a melhorar a olhos vistos.

Fico contente por isso, tanto mais que, para chegar ao driving range tenho de andar - a pé, mesmo - mais de três quartos de hora e se, depois de três quartos de hora a andar, não conseguisse acertar numa bola ia ficar bem chateado.

O que vale é que parte do passeio até é relativamente agradável porque, como o campo é na Randall's Island (que, já agora, e recorrendo de novo ao mapa que está uns posts mais abaixo, é aquila ilha comprida no East River entre Manhattan e Queens), há que atravessar uma ponte, a Triborough Bridge, e eu tenho um coisa qualquer por pontes. É bem mais agradável, de longe, do que a outra opção, que é atravessar o rio pelo lado de Manhattan. Fizemos isso da primeira vez que lá fomos e jurámos para nunca mais, já que tivemos de cruzar o Spanish Harlem e passar por um bosque sinistro à porta de um manicómio. E, uma coisa é certa: por mais que goste de golfe, não gosto o suficiente para arriscar levar uma facada ou ser alvo de um ataque exibicionista por parte de um maluco qualquer de gabardina.

Sunday, July 8, 2007

Ora essa...

Sexta-feira fui a outro espectáculo de stand-up comedy mas, desta feita, a coisa não teve grande piada. Serviu, apesar de tudo, para me aperceber de algo: as piadas falhadas deixam-me mais constragido a mim do que aos próprios comediantes. Para eles é como se nada fosse. Não ficam muito contentes, suponho, mas também não perdem o sono por causa daquilo. Eu, que nem sequer os conheço de parte nenhuma, é que dou por mim todo encolhido na cadeira, a largar risinhos amarelos para ver se pega.

Wednesday, July 4, 2007

4 de Julho

Hoje, aqui, é o 4 de Julho. Quer dizer, é 4 de Julho em todo o lado, é claro, mas aqui comemora-se o «4 de Julho», o Dia da Independência. Passou-me ao lado, como todos os feriados que se assinalam aqui (vide post sobre feriados), porque, para conseguir escrever os «Memória de Elefante» de Julho e Agosto até ao final deste mês e, assim, poder ter férias, como estou a tentar fazer, não podia fazer gazeta hoje.

A única coisa que tive pena foi de não ter ido ver o fogo de artifício, ou melhor, o Macy's Firework Spectacular, como a coisa é chamada. Sim, porque até o fogo de artifício tinha de ser patrocinado. Neste caso pelo «Macy's» que é uma espécie de «El Corte Inglês» cá do sítio. Ah, e claro: o lançamento dos foguetes tinha de às nove e meia, horário nobre para ser transmitido na televisão numa emissão especial onde a frase mais ouvida foi «Macy's Firework Spectacular is sponsored by Macy's», como se se fosse preciso dizer, como se alguém pensasse que tinham dado aquele nome ao fogo de artifício só porque soava bem.

Bem, seja como for, queríamos ir, mas não nos conseguimos despachar a tempo. Agora já não há nada a fazer. Resta esperar pelo ano que vem porque, ouvi dizer, vai voltar a haver 4 Julho para o ano. Há todos os anos, parece.