Sunday, September 30, 2007

Figos e azeitonas

Sexta-feira à noite andámos uns bons vinte ou trinta quarteirões para cima e para baixo na Lexington, Segunda e Terceira avenidas à procura de um restaurante que nos parecesse interessante. Uns estavam cheios, outros à mosca, uns eram muito barulhentos, outros eram muito caros, enfim, sabem como é. Acabámos por jantar num sítio chamado «Fig & Olive», um restaurante/bar com belíssimo aspecto, especializado em comida mediterrânica e em que cada prato da ementa é criado à volta de um tipo de azeite diferente.

O conceito está bem conseguido, mas cedo a experiência gastronónima se começou a desmonorar, nomeadamente quando eu pergunto que tipo de cerveja têm e o empregado me responde que ali não vendem cerveja; apenas vinho. E isto foi dito - detectei-o eu - com um certo tom de desprezo por esses bebedores de cerveja que, na escala dos apreciadores de bebidas alcoólicas, estão uns degraus a baixo daqueles que bebem vinho.

Seja como for, esteja eu em que degrau da escala estiver, a verdade é que eu não bebo vinho e, portanto, para mim foi água. Mas pronto. Se os problemas tivessem ficado por aqui, tudo bem. A coisa ainda passava porque, afinal, uma noite de abstemia não faz a ninguém. Muito pelo contrário. O fígado até agradece, com certeza. O problema maior foi a qualidade da comida que deixou um bocadinho a desejar e, pricipalmente, a temperatura, que estava naquele ponto entre quente e frio, naquele ponto em que não está suficiente quente para saber completamente bem, mas que também não está tão frio para correr o risco de mandar a comida para trás e arriscar uma cuspidadela ou duas por parte do cozinheiro.

Thursday, September 27, 2007

Honey, it's the ninja!

Staten Island is still reporting incidents with the ninja burglar. I can't help but laugh when I see this story on the news. Nuno gets really excited and runs around the house kicking and jumping. I have no doubt that he would kick the ninja's butt. Although, he still pretends he can't see the cockroaches when I call him over to kill them. His idea: if I can't see it, I don't have to kill it.

Wednesday, September 26, 2007

Nova Iorque - Lisboa - Ponta Delgada

Em Dezembro, vou passar por todos os vértices deste triângulo que é a minha existência. Já recebi a confirmação das reservas na Orbitz e, portanto, aqui fica o plano da viagem: de 12 a 20 de Dezembro vou estar em Lisboa e de 21 a 29 vou estar em Ponta Delgada. Esta brincadeira vai-me custar cerca de 930 dólares o que, se o tal triângulo fosse um triângulo rectângulo, seria o valor do quadrado da hipotenusa ou a soma do quadrado dos catetos. Mas o triângulo está longe de ser rectângulo. Nesta fase da minha vida, é assim tipo escaleno, bastante mais descaído para Nova Iorque. Sendo assim, o Teorema de Pitágoras não se aplica.

Monday, September 24, 2007

E.A.G.L.E.

Por esta hora, a agente literária que decidi contactar já deve ter lido a carta de apresentação que lhe enviei sexta-feira passada. É o primeiro passo daquele que promete ser o tortuoso, demorado e ambicioso processo de publicação dos meus livros nos Estados Unidos.

Aqui, ao contrário de Portugal, ter um agente literário é essencial. Indispensável, mesmo. Sem a mediação de um agente, é praticamente impossível que alguém numa editora chegue sequer a olhar para um manuscrito. Dada a importância e influência que eles têm, não admira que conseguir ser representado por um bom agente seja extremamente difícil, uma vez que, perante a infinidade de escritores que vêm para Nova Iorque tentar a sua sorte, os agentes tendem a manter a sua lista de clientes limitada a autores que lhes pareçam rentáveis. Por aquilo que tenho lido em fóruns de escritores espalhados um pouco por toda a internet, as manifestações de alegria exteriorizadas por novos autores ao verem os seus projectos aceites por um agente são tão exuberantes como se recebessem a notícia que vão ser de facto publicados. E a verdade é que, apesar de ser meio caminho andado, falta o resto: o sim de uma editora. Ter um agente não garante nada, se bem que, com todo o conhecimento que eles têm do mercado, seja um bom indicador da viabilidade do projecto.

No meu caso, esta é apenas a primeira tentativa. Uma espécie de apalpar de terreno para ver que tipo de resposta recebo, até porque se trata de uma tradução e, portanto, as regras podem ser um pouco diferentes. Logo se vê. Quando receber a resposta digo qualquer coisa.

Friday, September 21, 2007

Agora sim, vou ficar a perceber como tudo funciona

Decidi ontem que era importante perceber mais de Economia. Estou farto de ouvir notícias sobre taxas de juro, inflação, mercados financeiros, bancos centrais, quantidade de moeda em circulação, e por aí fora, sem perceber patavina do que se está a passar.

Mergulhei, por isso, na internet à procura de um curso sobre o assunto. De início a coisa não estava fácil. A não ser que quisesse tirar um mestrado numa universidade ou que pagasse dois mil dólares por meia dúzia de aulas num instituto privado - o que, mesmo sem perceber de Economia, me pareceu logo uma medida economicamente inviável -, não se afigurava fácil a tarefa de enriquecer os meus conhecimentos neste campo.

Até que, várias páginas do Google depois, descobri a Henry George School of Social Science, uma escola que se dedica a transmitir os ensinamentos de Henry George, um economista que viveu em finais do século XIX e que era apologista de um regime mais justo em que a riqueza fosse melhor distribuída. Ele é também o autor do livro «Progresso e Pobreza», um dos maiores best-sellers de todos os tempos no que diz respeito a livros sobre Economia.

Claro que pensei logo que o homem era que comunista e que talvez não fosse boa ideia frequentar a escola porque ainda levava com o FBI em cima (e, para isso, já me basta o contrabando internacional de desodorizantes, como expliquei no post anterior), mas não: afinal, as ideias de Henry George não têm nada a ver com comunismo. Mais meia dúzia de cliques pela página da escola e verifico que os cursos de Fundamentos da Economia eram grátis. Melhor: um dos cursos começava precisamente ontem. Os deuses da Economia estavam comigo. Registei-me de imediato e, portanto, às seis da tarde, lá estava eu na Park Avenue para a primeira das dez aulas que compõem o curso. O professor assegurou-nos que ficaremos a saber como o mundo funciona e como circula o dinheiro. Óptimo. Talvez perceba finalmente como pô-lo a circular para a minha a carteira.

Thursday, September 20, 2007

Futebol em inglês

Ver jogos de equipas portugueses comentados por ingleses ou americanos tem o que se lhe diga. Para começar, percebe-se que estamos mesmo numa segunda ou terceira divisão do futebol europeu. Não há cá desculpas para as más exibições. No Milão - Benfica, por exemplo, os comentadores fizeram a ressalva de que estávamos a jogar com duas crianças no centro da defesa que nunca tinha actuado juntos na sua curta vida, mas, depois, disso, massacraram completamente o clube. Que nunca conseguiu recuperar o prestígio alcançado nos anos 60, que só por sorte não saiu de San Ciro com uma cabazada por sete ou oito, que não se compreende como uma equipa pode ter chegado à Liga dos Campeões a jogar daquela maneira, e por aí fora.

Mas, pronto... Se se conseguir superar o nervoso miudinho que dá ouvir estas coisas e a vontade de ir às trombas dos comentadores, é possível ouvir tiradas preciosas. Como esta, por exemplo, a respeito do Cardozo e daquele falhanço escandaloso durante o jogo: «You can't get much for nine millions these days». Ou esta, depois de ver o Liedson atirar-se para o chão meia dúzia de vezes e tentar pontapés acrobáticos quando podia chegar lá com a cabeça: «He does have a flare for the dramatic, doesn't he?».

Monday, September 17, 2007

Novo update sobre cereais e desodorizantes

Quando eu pensava que o assunto já estava resolvido, que já tinha finalmente escolhido a marca de cereiais de pequeno-almoço que ia passar a consumir, como aliás já expliquei num post lá para trás, eis que, num impulso de preocupação com o bem-estar e a saúde, me lembro de ler a composição do produto e verifico que se comesse a caixa talvez ingerisse uma coisa com mais nutrientes e menos açúcar. Sendo assim, vi-me obrigado a repensar toda esta questão e voltar à estaca zero. Desta feita, contudo, o critério de selecção estava ainda mais exigente: continuava sem querer aquelas coisas com bifidus activos, aloé vera e outras porcarias do género, mas queria encontrar uma marca de cereais com alguma substância. Felizmente, encontrei isto:

Uma tigela desta cena, e ingiro a dose diária recomendada de praticamente todas as vitaminas à face da Terra. Até me sinto com mais energia só de pensar nisso. Agora... há um problema: não tem chocolote. E, sem chocolate, já se sabe que não levo uma colher disto à boca. De maneira que vai daí e pus a cabeça a pensar, que é para isso que ela serve. Com a embalagem debaixo do braço, dirigi-me à prateleira dos bolos e doçaria e comprei um pacote de pepitas de chocolate, daquelas para pôr em bolachas e isso. Resultado: uma delícia. Uma injecção de vitaminas com gosto a chocolate, como mandam as regras.

Portanto, quanto aos cereiais, acho que está o caso encerrado. Já em relação ao desodorizante, a situação é bem mais delicada. Tanto que já baixei os braços e desisti de encontrar um bom desodorizante americano. A certa altura pensei que tinha conseguido, mas com o passar do tempo e a constatação de que as minhas T-shirts estavam a ficar brancas na zona dos sovacos, resolvi pedir à minha à minha mãe para me enviar uma remessa de desodorizante de Portugal. É uma parvoíce? Sim, um bocadinho, mas é da maneira que não me chateio mais com isto durante uns tempos. Quer dizer, não me chateio se não me prenderem por contrabando internacional de desodorizante. «Ouça lá, não me diga que estas setenta e cinco embalagens de desodorizante são todas para consumo próprio, que eu não acredito». Em princípio não deve acontecer (até porque não pedi setenta e cinco embalagens de desodorizante; esse número foi só para criar efeito dramático).

Sunday, September 16, 2007

Jantar e copo numa noite fria no Soho

Aqui em Nova Iorque come-se fora com alguma frequência. Faz parte do estilo de vida e a oferta é imensa. Eu a Jennifer, como nova iorquinos que somos, ou queremos ser, também o fazemos, normalmente em dias em que nenhum de nós tem paciência para cozinhar. Na maior parte das vezes, exploramos os restaurantes aqui ao pé de casa, mas, em ocasiões especiais, escolhemos um destino com mais cuidado.

Foi o caso de ontem. Para celebrarmos o primeiro cheque da Jennifer no novo emprego, decidimos revisitar o Bistro Les Amis um restaurante no Soho onde tínhamos ido quando viemos de férias a Nova Iorque há cinco ou seis anos atrás. Nessa ocasião, aquilo estava quase por nossa conta, mas ontem, talvez por ser sábado, ou apenas porque o restaurante ficou entretanto na moda, estava à pinha. Ainda bem. Se há coisa que detesto é jantar num restaurante vazio.

Pedi uma sopa de cogumelos como entrada, a Jennifer escolheu a sopa de alhos de franceses. Depois, decidimo-nos ambos pelo filet mignon com cebolas caramelizadas em conhaque em molho bernaise - que, mesmo estando bastante bom, era inferior ao bife com maçã caramelizada do Forno, em São Miguel - e dividimos um crème brulée (que é diferente de leite condensado porque... hã... bom, porque estávamos num restaurante francês). Bebi duas Heinekens e a Jennifer dois copos de Merlot. Total: 118 dólares (140 com gorjeta).

Após o jantar, e enfrentando o frio de rachar que ontem se abateu sobre a cidade sem se perceber muito bem porquê, fomos à procura de um bar no Soho para tomar um copo. Encontrámos um daqueles bares minimalistas todos brancos - se bem que este tinha umas fluorescentes púrpuras a pontuar a imaculada alvura. Estão a ver o género de bar de que estou a falar, certo? É aquele género de bar com objectos espalhados pela sala que se só percebe que são bancos porque estão ao pé de mesas que só se percebe que são mesas porque têm bebidas em cima. Seja como for, outra Heineken para mim, e um cocktail com não sei o quê para Jennifer. Total: 16 dólares (20 com gorjeta).

Com esta brincadeira, lá se foram quase duas dezenas de dólares. Mas, hey: quantas vezes é que se recebe o primeiro cheque num novo emprego?

Thursday, September 13, 2007

Boca d'ouro

É mais ou menos pacífico que os melhores beatboxers são americanos, mas descobri há pouco tempo no Youtube um vídeo que parece querer contradizer esta opinião generalizada. É a audição de um concorrente francês para um daqueles concursos de talentos. É impressionante a quantidade de sons que ele consegue fazer ao mesmo tempo. Vejam isto.

Tuesday, September 11, 2007

Hoje é 11 de Setembro

Hoje é 11 de Setembro, mas não me apetece escrever sobre terrorismo, Bin Laden e a sua nova barba, Ground Zero, teorias da conspiração absurdas, nem nada disso. Contudo, e porque tenho consciência de que sendo este blogue sobre a minha vida em Nova Iorque era obrigatório escrever um post sobre este dia, direi apenas o seguinte: hoje é 11 de Setembro; amanhã, se tudo correr conforme o planeado, será 12.

Sunday, September 9, 2007

O problema é que as estatísticas valem o que valem

Na semana passada, um homem morreu depois de ter levado um tiro na cabeça na estação de metro aqui ao pé de casa. Entretanto, leio hoje que a taxa de crimininalidade violenta em Nova Iorque regista míninos históricos e que esta cidade é hoje em dia a mais segura do conjunto das dez maiores cidades dos Estados Unidos. Leio também que dos cerca de 540 homicídios registados aqui no ano passado, apenas 17 por cento tiveram lugar em Queens, o que é um valor bastante baixo tendo em conta que este é o segundo mais populoso dos cinco boroughs (quase com o mesmo número de habitantes do que Brooklyn que, já agora, regista cerca de 39 por cento dos casos de homicídio em Nova Iorque).

Face a estes dados, não sei o que fazer: sentir-me seguro ou temer pela vida. É que, isto das estatísticas é muito bonito, mas aquela estação de metro fica a dois passos da minha casa.

Thursday, September 6, 2007

If Nuno were a dog...

How many agree that if Nuno were a dog, he would look like this?

Monday, September 3, 2007

Um Guronsan, se faz favor

Jantar num restaurante mexicano com uns amigos da Jennifer, margaritas com fartura, um copo num bar depois do jantar e a noite a terminar na Brooklyn Promenade a admirar Manhattan de madrugada. Valeu bem a ressaca do dia seguinte.

(a foto não é minha, mas é mais ou menos isto que se vê da Brooklyn Promenade às três da manhã)