Sunday, December 30, 2007

O regresso

Oito horas de voo, dez minutos no AirTrain no Aeroporto de Newark, quarenta minutos no comboio para Nova Iorque e meia hora no metro depois... cheguei a casa. Desta vez, a chegada ao país foi bem mais simples do que há um ano atrás. Bastou mostrar o meu cartão de residente e seguir em frente. Mais difícil, imagino eu, terá sido a entrada do Paulo Camacho, que veio no mesmo avião do que eu. Com carimbos iraquianos no passaporte, suponho que lhe tenham feito uma ou duas perguntas. Ou mil. Seja como for, a verdade é que não o vi na recepção de bagagem. Desejo-lhe sorte, é claro. Espero que estes dias na prisão não lhe estraguem os planos de férias.

Quanto à minha viagem, fiquei um bocado chateado por estar no lado errado do avião. Estava à janela, mas do lado direito, e, à aterragem, Manhattan estava à esquerda. Ainda vislumbrei o skyline a certa altura, mas durante a maior parte do processo de aproximação à pista, o que eu podia avistar era New Jersey - um cenário tão sedutor como a barriga das pernas da minha vizinha russa que deve pesar alguns cento e cinquenta quilos e usa mini-saias quer faça chuva, sol ou neve.

Estes dias em Portugal souberam muito bem, mas agora, de regresso a casa, outras coisas sabem bem, de entre as quais o facto de ter aquecimento central não é das menos relevantes. Pode estar cinco graus lá fora, mas estou a escrever este post de calções e T-shirt, indumentária bem diferente das calças de fato de treino, duas sweat-shirts e gorro com que dormi nos dias que passei em Lisboa.

Thursday, December 13, 2007

I <3 hip-hop

Why?
During our holiday party, two of my colleagues told me that they were surprised I liked hip-hop. I said, "I love hip-hop." I added, "I love Jay Z."
Then a colleague told me her brother just did a video with him. While she was explaining the video, I realized, it's the video for "Roc boys (and the winner is..)"
I almost died. I mean, I could have been an extra or something, at least.
I'm always one minute too late.
Damn a New York minute.

Wednesday, December 12, 2007

Check-out

Estou de saída para o aeroporto. Em princípio, este blogue vai ficar em stand-by, a não ser que a Jennifer escreva alguma coisa ou que me aconteça algo nestas duas semanas e tal que vou estar em Portugal que faça sentido contar aqui.

Espero ver-vos a todos nos próximos dias. Abraços.

Monday, December 10, 2007

Sixers 105 - Knicks 77

Vinte e oito pontos de diferença. Do ponto de vista puramente desportivo, a minha ida ao Madison Square Garden foi um fiasco, mas, como expliquei num post anterior, isso já era mais ou menos previsível. Não deixei, por isso, que a derrota vergonhosa afectasse a emoção de entrar pela primeira naquela que é promovida como «the world most famous arena», um slogan que, apesar de bastante presunçoso, reflecte a mística que rodeia este pavilhão.

A primeira sensação que tive ao entrar no recinto e olhar para o court, lá em baixo, foi de alívio. Estava com medo de que não conseguisse enxergar nada por estar demasiado longe, mas depressa verifiquei que a visibilidade era satisfatória. Dava para ver a bola a entrar no cesto, o que, num jogo de basquetebol, já é meio caminho andado para se perceber o que se está a passar.

Pude então, mais descansado, olhar à minha volta e analisar o Madison Square Garden em detalhe. Não sei se foi por estar habituado ao nosso Pavilhão Atlântico, mas o que me saltou à vista foi o facto daquilo parecer um bocado velho - constatação esta suportada pelo facto daquilo ser mesmo velho já que foi construído em 1968. O contraste dos traços arquitectónicos do passado com a tecnologia de ponta dos monitores gigantes que cobrem o recinto é gritante. É um pouco como se alguém colocasse um LCD no Templo de Diana, ou assim.

Quanto à experiência social propriamente dita, já que esta foi também a primeira vez que assisti a um evento desportivo ao vivo aqui nos Estados Unidos, a nota de destaque vai para o facto dos americanos não pararem quietos durante o raio do jogo. Sentam-se, levantam-se para ir ao bar, voltam com copos de dois litros de Coca-Cola, trocam de lugar, dão uma volta ao pavilhão, saem para ir fumar, voltam a sentar-se, vão buscar mais dois litros de Coca-Cola, chamam o vendedor de cachorros-quentes, tiram fotografias, levantam-se outra vez para ir para o raio que os parta, epá... Sosseguem! Sentem-se e vejam a porcaria do jogo, pá! Os jogadores é que têm de se mexer, não são vocês!

Bom, verdade seja dita que o casal que estava à nossa frente não participava desta roda viva, mas só porque deviam ter os dois à volta de 95 anos de idade. O velhinho ainda se levantou por duas vezes, para ir à casa-de-banho mudar as fraldas da incontinência, suponho, já que, quando voltava, movimentava-se com uma assinalável melhoria de movimentos, mas a velhinha nunca abandonou o seu lugar, a não ser logo depois de começar a segunda parte, quando se foi embora em sinal de protesto para com a má exibição da equipa, dizendo, e passo a citar: «They should be ashamed of themselves».

Ao nosso lado estava outro casal, este de mais tenra idade. Tão tenra, aliás, que, segundo a Jennifer, estavam a ter uma discussão conjugal sobre fotografias no MySpace. Não consegui perceber os detalhes da zanga. É pena.

Apesar do que seria possível depreender por esta descrição, foi uma noite inesquecível, que, contudo, por pouco não ia sendo arruinada pela circunstância de ser Kids Night no Madison Square Garden. Significa isso o quê? Que, em vez de cheerleaders, por exemplo, os intervalos e descontos de tempo eram preenchidos por um grupo de crianças a fazer habilidades, ou com jogos parvos em que duas famílias disputavam um prémio através, sobretudo, da ridicularização dos pais e das mães que tinham de competir entre si fazendo corridas em bolas saltitonas ou percorrendo o court de gatas e de costas. Ainda pensei que o prémio fosse uma viagem de sonho, ou um Bentley, ou isso, enfim, qualquer coisa que valesse a pena ser humilhado em frente de milhares de pessoas, mas não: era apenas um vale de compras na loja dos Knicks. Isso é que mesmo amor à equipa, ou então, não ter noção do ridículo. Agora que penso mais nisto, acho que é mais não ter noção do ridículo.

Felizmente, lá apareceram as cheerleaders. Sim, porque um evento desportivo na América sem cheerleaders, não é evento desportivo, não é nada. Ia ter de pedir o meu dinheiro de volta, e isso ia ser chato porque não sou pessoa de devolver coisas.

Thursday, December 6, 2007

Planos para o ano que vem

Esqueci-me de dizer que, aí há coisa de duas semanas, fui visitar este espaço:

Chama-se «Paragraph» e é um local de trabalho para escritores ou pessoas que se dedicam a actividades ligadas à escrita. Sou bem capaz de me inscrever nisto e começar a trabalhar lá a partir de Janeiro. Gostei bastante do espaço e da localização (fica a um quarteirão da Union Square) e, para além disso, gostei do facto de serem organizadas aqui reuniões informais com agentes literários reservadas a membros - algo que pode fazer avançar o processo de publicação dos meus livros nos Estados Unidos já que chegar à fala com um agente só acontece quase por milagre.

Entretanto, fiz outra descoberta que me deixou bastante entusiasmado para o próximo ano. Descobri que existe um movimento chamado Coworking e que, no fundo, não é mais do que uma comunidade de pessoas com uma situação profissional semelhante à minha, que se juntam para trabalhar em determinado local, aproveitando assim os benefícios do contacto interpessoal e da troca saudável de ideias, sem as quesílias normais de um escritório. De momento, em Nova Iorque, este pessoal reúne-se para trabalhar num café com que tem uma espécie de acordo, mas existem planos para encontrar um espaço mais amplo, um loft ou isso, para onde, através de um pagamento mensal suportável, se possa levar o computador e ter acesso ao espaço em si, a internet, fotocopiadora, máquina de café, enfim... todas as amenidades necessárias para o desenvolvimento profícuo de uma actividade profissional.

Só tenho pena de não ter ouvido falar disto mais cedo porque me parece a solução ideal para o meu caso. Não que eu tenha propriamente um problema. Eu adoro trabalhar em casa e, para ser sincero, nem sequer sinto falta de estar com pessoas o dia inteiro, mas sei que não é saudável. Mais cedo ou mais tarde, é provável que isso começasse a fazer-me mal aos neurónios e é preciso evitar isso a todo o custo já que os meus neurónios são a minha principal ferramenta de trabalho.

Tuesday, December 4, 2007

Banda sonora para o frio

Com a chegada do frio e da neve aqui a Nova Iorque muda a playlist do meu iPod. Apesar de o utilizar quando estou fora casa, encho-o com músicas de ouvir ao pé da lareira, ou, no meu caso, junto ao radiador do aquecimento central. Esta é um bom exemplo: versão de Scott Mathews do «The Boy With a Thorn In His Side» dos Smiths.



Segue-se outra versão, desta feita do «Rocket Man» (não: não é a do David Fonseca). Esta versão é dos My Morning Jacket e tem a grande vantagem de nos oferecer uma oportunidade de ouvir o «Rocket Man» sem que seja preciso pôr a tocar um disco do Elton John, o que é coisa para dar logo início a rumores.



Agora um guilty pleasure que assumo: «The Blower's Daughter» de Damien Rice. E é um guilty pleasure não pela música em si, mas sim porque isto faz lembrar um pouco aquele gajo que tem aquele teledisco em que está na praia com uma camisola de capuz e depois tira a roupa e os sapatos e tudo o que tem nos bolsos, o James Blunt ou lá o que é, e só o facto de ser parecido com esta piroseira já é coisa para se ter vergonha.



Para terminar, e porque o Damien Rice tem uma grande versão do «Creep», os Radiohead. Podia muito bem sugerir o «Nude», do último álbum, mas, sei lá porquê, tenho ouvido outra música que nunca foi das minhas preferidas dos Radiohead: «The Tourist».

Saturday, December 1, 2007

«I love this game!»

Que grande momento, pá! Acabei de comprar bilhetes para o jogo dos Knicks contra os Philadelphia 76'ers. O mais certo é os Knicks levarem mais uma sova, já que este ano, como aliás aconteceu no ano passado, a equipa está uma desgraça (ainda na semana passada perderam um jogo com os Celtics por 104 - 59!), mas não quero saber. A 8 de Dezembro lá estarei no Madison Square Garden a concretizar um dos sonhos que tenho desde miúdo: ver um jogo da NBA ao vivo. Se os Knicks ganharem, ainda melhor. Se ganharem por um ponto de diferença com o cesto vencedor a ser marcado a menos de um segundo do fim... então é perfeito!