Tuesday, January 30, 2007

Tenho um número da segurança social, logo existo

Recebi hoje o meu cartão da segurança social o que significa que, agora sim, passo a existir neste país. Antes era alguém, um alguém qualquer. Agora continuo a ser um alguém, mas um alguém numerado e, portanto, contabilizado.

Para mim, até é melhor porque ninguém parece perceber o meu nome. «Sorry... Could you say that again? Nunau? El Niño?». Tendo agora um número pelo qual responder, tudo se torna mais fácil. O único problema vai ser decorá-lo, até porque, como tive de comprar um cartão novo para o telemóvel, já são números a mais para pôr na cabeça em tão pouco tempo. Portanto, se alguma vez me quiserem dar um toque e acabarem a falar com um cartão da segurança social, peço antecipadamente desculpa. Fui eu que me me enganei quando vos dei o número.

Sunday, January 28, 2007

Realismo ao vivo

Hoje fui ao Brooklyn Museum ver uma exposição do Ron Mueck (ver aqui alguns exemplos do que ele faz).

Não é que eu já tenha visto coisas impressionantes em número suficiente para ser um especialista em coisas impressionantes, mas que aquilo é impressionante, lá isso é.

Se quiserem saber como ele faz as esculturas, vejam um vídeo aqui.

Passeio de sábado

Ontem fomos passear. A temperatura rondava os 2 ou 3 graus o que, depois de um dia em que os termómetros chegaram a tremer de frio enquanto assinalavam 10 negativos, até não estavava nada mal.

Metro para Manhattan. Primeira paragem: Chelsea Market. Curioso local, esee. Um mercado em ambiente pós-industrial, onde uma couve até parece ganhar um glamour que, porventura, não terá no Mercado da Ribeira. No Chelsea Market, repolhos, cogumelos e rabanetes de todas as partes do mundo convivem com pequenas chocolateries onde um pacotinho com cinco trufas de chocolate custa mais de 10 dólares.

Consta que os chefes de cozinha mais famosos de Nova Iorque fazem ali as suas compras. O Food Channel tem ali os seus estúdios. Fotógrafos de renome fazem ali exposições. No meio do mercado existe uma sala de espectáculos onde se realizam peças de teatro e se dão aulas de tango. Está tudo muito bem, excepto uma coisa: o samurai amolador de facas já se tinha ido embora. E eu que tinha ido ali para ver o samurai amolador de facas! Fiquei danado, mas não protestei. A última coisa que eu quero são problemas com o samurai amolador de facas.

Com a desilusão estampada no rosto, fomo-nos embora. O que vale é que, a poucas paragens de metro de distância, esperava-nos um espectáculo verdadeiramente nova-iorquino: um grupo de jovens (para não dizer «gandins») fazia uma demonstração de break-dance em plena estação de Times Square. Cambalhotas, mortais à rectaguarda, moonwalking, tudo incluído. A Jennifer tirou umas chapas. Pode ser que as ponha aqui no blogue mais tarde.

Bom, mas o nosso destino não era a estação de metro de Times Square, como é evidente. Era, isso sim, o Rockefeller Center. Antes, contudo, uma paragem na Biblioteca Pública de Nova Iorque. A Jennifer queria saber o que é necessário para ter um cartão; eu, por outro lado, queria ir à casa-de-banho.

Depois, com outro alento, lançámo-nos Quinta Avenida acima e lá chegámos à Rockefeller Plaza, local que todos conhecemos desde miúdos por força das inúmeras cenas foleiras de filmes foleiros em que o casal foleiro vai patinar na pista de gelo de mão dada ao som de uma música não menos foleira.

Agora, a pergunta que se pode eventualmente colocar é a seguinte: será que fomos também patinar de mão dada? Ora, quem me conhece minimamente sabe de antemão a resposta a essa pergunta. Para os outros, basta dizer o seguinte: imaginem um rectângulo de gelo com centenas de pessoas a andarem às voltas atropelando-se umas às outras enquanto olham para o chão para não tropeçarem em alguém que se tenha espalhado ao comprido. O que é que isso tem de romântico? Eu digo: nada. Antes os carrinhos de choque.

Agora, pronto

Ao organizar os meus papéis, encontrei o meu bilhete de avião de Lisboa para Nova Iorque. O regresso estava marcado para 18 de Janeiro. Hoje é dia 28. Agora, pronto: parece que vou mesmo ficar por cá.