Wednesday, October 31, 2007

Topo-os à distância

Estou a desenvolver uma extraordinária capacidade de reconhecer portugueses. Já não consigo contar pelos dedos das mãos as vezes que pensei que determinada pessoa podia ser portuguesa e, depois, é mesmo. Normalmente, tudo começa pela percepção de que os indivíduos em causa não são americanos - o que, aqui em Nova Iorque, não ajuda muito porque há gente de todo o lado. Um posterior exame visual sumário, baseado em factores como vestuário, adereços e traços étnicos, limita as possíveis opções de naturalidade a um país europeu, muito possivelmente do sul. Nesta altura, estou indeciso entre Itália, Grécia, Espanha e, porventura, França. O passo seguinte é uma análise auditiva da entoação do discurso e é incrível como, mesmo por debaixo do burburinho da multidão ou do barulho do metro, onde normalmente me dedico a esta inútil actividade, é possível distinguir as inflexões típicas da língua portuguesa. Note-se que, nesta fase, não consigo ainda distinguir palavras, ou porque estou longe, ou porque, de facto, o som ambiente abafa o emissor em análise. Contudo, e sem necessidade de descodificar o discurso, a familiar tonalidade do Português é facilmente reconhecível. A primeira vez que me apercebi disto foi ao tentar apanhar no auto-rádio uma estação minimamente aceitável na viagem de carro que fiz ao Maine. Entre centenas de estações com péssima recepção, pareceu-me ouvir alguém falar Português. A forte estática não me permitia perceber o que estava o locutor a dizer, mas sim: parecia mesmo Português. Até que, numa curva mais favorável às ondas da rádio, veio a confirmação da percepção inicial: era mesmo uma rádio portuguesa e estavam a falar do Rui Costa. Bom, mas voltando à minha técnica de reconhecimento de compatriotas no metro, nesta altura, e passado o teste de tonalidade do discurso, a probabilidade dos sujeitos da investigação serem portugueses é de quase cem por cento. Nas únicas vezes em que me enganei - poucas - eram gregos. Para elevar esta capacidade à perfeição tenho, pois, de desenvolver um método para distinguir portugueses de gregos. Talvez confiar mais no olfacto. Se cheirar a queijo feta, é grego; se, por outro lado, cheirar a tremoço, é português.

Sunday, October 28, 2007

Eu já fui assim

Não sei se vocês têm pachorra para ver os vídeos que vou colocando aqui no blogue de vez em quando, mas, de qualquer maneira, cá está mais um. Desta feita, é uma animação tipográfica construída a partir do «Let The Drummer Kick», uma música viciante dos Citizen Cope. Atenção que isto não é o videoclip da música - nem sei se este tema tem videoclip. É apenas a obra de um maluco qualquer que decidiu perder horas a fazer isto e colocar no Youtube. Admiro este tipo de pessoa que tem paciência para fazer coisas apenas porque lhes apetece. Eu já fui assim. Hoje em dia... nem por isso.

Thursday, October 25, 2007

Virus, bactérias e pernas partidas: podem vir

Tenho-me esquecido de referir que já tenho seguro de saúde. Agora sim já posso ficar doente sem correr o risco de ter de ir morar para debaixo da ponte para pagar a conta do hospital. É que, aqui, uma pessoa pensa mesmo duas vezes antes de ir ao médico se não tiver seguro. Ainda o outro dia, por exemplo, ia cortando o dedo em dois depois de amolar as minhas facas de cozinha e não fui levar pontos nem nada.*

*Mais uma vez, utilizo aqui uma hipérbole para efeitos dramáticos. É verdade que fiz um grande lanho num dedo, mas não me parece que fosse necessário cozer aquilo. Bom, talvez um pontinho. Ou dois.

Wednesday, October 24, 2007

Expectativas

Ontem fui ao Bronx pela primeira vez. Não fui assaltado, não levei uma facada e nem sequer assisti a um tiroteio. Na verdade, estou um pouco desiludido.

Monday, October 22, 2007

Não sou o único

Eu nem queria acreditar quando vi retratada num dos últimos episódios da versão americana do «The Office» uma fixação que tenho há anos: ficar horas a olhar para a televisão à espera que o logótipo que anda de um lado para o outro no ecrã quando o leitor de DVD está em screen saver bata mesmo em cheio num dos cantos no ecrã. Sempre pensei que fosse o único inútil a fazer isso, mas é bom saber que não estou sozinho. Cá está a prova:

Sunday, October 21, 2007

E pronto, agora é que nunca mais saio de casa

Teve de ser. Aguentei-me durante cerca de oito meses, mas não dava mais: comprei uma Playstation 3 com o resto do dinheiro que ainda tinha no Paypal por ter vendido uns logótipos online. Não é que seja um grande um designer gráfico - estou bastante longe de o ser - mas a verdade é que, com o que ganhei com isso, comprei o meu computador, paguei a minha viagem para Nova Iorque e comprei agora a Playstation.

Portanto, amigos, é só uma questão de esperar que o Pro Evolution Soccer 2008 seja lançado aqui nos Estados Unidos e estou pronto para aviar quem tiver coragem para me desafiar.

Thursday, October 18, 2007

For my people!



No love for the Benjamins

You know the U.S. dollar is weak when they no longer play a role in rap videos. The substitute? Euros.
What cool code name will they come up for that?
It's no longer all about the Benjamins.

p.s. Benjamins are what rappers call the $100 bill because it has the image of Benjamin Franklin - check it out here


Contudo, à quarta, volta a ter graça outra vez

Ok. Estava eu a pôr o ponto final no post anterior*, quando recebo um telefonema da Apple Store a dizer que afinal tinham conseguido consertar o computador na loja e que, portanto, não era preciso enviá-lo para lado nenhum. Amanhã vou buscá-lo e volta tudo ao normal.

*A expressão «exactamente quando estava a pôr o ponto final no post anterior» foi utilizada apenas para fins dramáticos. Na verdade, foram algumas horas depois. Entretanto, estive a marinar uns bifes de espadarte em salsa e tomilho para o jantar.

E, à terceira, a coisa deixa de ter graça

Tive de ir mais uma vez à Apple Store com um problema no computador, agora com o monitor todo preto, sem dar sinais de vida (e sim: o computador estava ligado). Foi a terceira vez em menos de 8 meses e, se nas outras duas, até achei graça ao facto de ter uma avaria, desta feita o sentimento foi bem diferente. Primeiro, porque tive de ir às 11 da noite; e depois, porque não me conseguiram resolver logo o problema e, por isso, o computador tem de ser enviado para o Apple Depot, uma espécie de centro de avarias mas que, para mim, significa «estás bem fucked, agora tens de esperar duas semanas para teres isto de volta».

Não sei bem o que vou fazer sem ele. Bastou um dia para perceber o quanto estou dependente da porcaria do computador. É lá que tenho todos os meus ficheiros de trabalho, é lá que tenho toda a minha música, é lá que tenho todas as minhas bookmarks para os sites de pornografia, é lá que tenho tudo, basicamente.

A nível profissional, a coisa ainda se vai arranjar porque o Apple Genius ligou o meu computador a outro monitor e eu consegui enviar para mim próprio os ficheiros que precisava para trabalhar. Valha-nos isso porque, caso contrário, tinha de escrever de novo tudo o que fiz desde o início da semana e que ainda não enviei para o Bruno e para o Dionísio. E, já sabe: eu consigo ser brilhante uma vez, mas duas...

O outro lado menos negativo disto é que, pelo menos, não vou ter de pagar nada. Ou melhor, vou pagar apenas 50 dólares porque pedi para eles me fazerem um backup do meu disco rígido antes de enviarem o computador para o «estás bem fucked, agora tens de esperar duas semanas para teres isto de volta». Mas olha: é para eu não ser estúpido e fazer backup dos meus documentos.

Friday, October 12, 2007

Segundo churrasco em Nova Iorque

Não é que só por ter ido ao meu segundo churrasco em Nova Iorque passe a ser especialista em churrascos em Nova Iorque, até porque, se um foi num terraço em Brooklyn com vista para Manhattan, o outro teve lugar no jardim de uma vivenda com tectos de catedral em Forrest Hills, tratando-se, pois, de eventos completamente distintos, mas a verdade é que, por aquilo que tive oportunidade de testemunhar em ambos os casos, os churrascos por aqui são concebidos e concretizados de modo incompleto, constatação esta suportada pela flagrante ausência de frango.

Um churrasco sem frango? Sim, um churrasco sem frango. Ou melhor, um barbecue, porque utilizar a palavra «churrasco» seguida da expressão «sem frango» é pecado, acho eu. E atenção que estou só a referir-me à justaposição desses três vocáculos na mesma frase, porque, se passarmos do campo das construções frásicas algo hipotéticas para o campo do concreto, efectuar, de facto, um churrasco sem frango é algo tão inconcebível que nem consta das leis fundamentais do churrasco. Um churrasco sem frango é tão absurdo como um churrasco sem cerveja estupidamente gelada, daquela que até dói nos dedos de tão gelada que está.

Bom, não me apetece agora ir mudar o título deste post, porque isso ainda dá algum trabalho - ir lá cima, pôr o curso no sítio certo, carregar no delete e isso tudo -, mas, depois do que acabei de dizer, exige-se uma correcção: afinal, desde que estou a viver aqui, ainda não fui a nenhum churrasco. Quanto muito, fui a dois barbecues.

Wednesday, October 10, 2007

Novo momento do «Edição Extra»

A segunda série do «Edição Extra» só irá para o ar em Janeiro, mas já começámos a trabalhar nela e a testar novos momentos para o programa. Uma dessas experiências baseia-se numa rubrica do «Jimmy Kimmel Live», um talk-show da ABC, e consiste em censurar imagens perfeitamente inócuas de modo a simular que elas precisam de censura. Vejam e digam qualquer coisa aqui ou no blogue do «Edição Extra» para percebermos se o momento tem pernas para andar.

Saturday, October 6, 2007

Quero o mesmo que ela

A mãe e o padrasto da Jennifer estão cá este fim-de-semana e, portanto, ontem e hoje foram dias de percorrer novamente alguns dos pontos mais importantes da cidade. Muitos deles já foram referidos aqui em posts anteriores, mas, numa cidade com esta, há sempre ex-libris novos para visitar. É o caso do «Katz's Deli», um restaurante tipo delicatessen famoso por ter entrado no filme «When Harry Meets Sally», naquela cena em que a Meg Ryan simula um orgasmo à frente do Billy Crystal e depois uma senhora que está noutra mesa diz ao empregado que quer o mesmo que ela comeu.

Estava com medo que, como frequentemente acontece nestes casos, a fama do sítio fosse superior à qualidade. Todavia, a sanduíche de pastrami que pedi foi, de longe, a melhor em que alguma vez já tive oportunidade de pôr o dente. Vale a pena lá ir só por causa do raio da sande de pastrami. O resto não foi especialemente memorável, mas aquela sande... Custa 15 dólares, mas porra... é uma grande sande.

Já os não menos famosos cupcakes da «Buttercup Bake Shop» foram uma pequena desilusão.

Quer dizer, são bons, mas esperava mais de um local onde as pessoas fazem filas que dão a volta ao quarteirão só para comprar um bolinho. A dona desta pastelaria não conta mais comigo para expandir o seu império de cupcakes avaliado em 10 milhões de euros.

Não me parece que ela vá dar pela minha falta, contudo.

Thursday, October 4, 2007

America's obsession

Everyone watches "Jaywalking" on Jay Leno in disbelief. How can Americans be sooooooo stupid?
Let me explain.
When we watch our news, we only hear about the United States. We hear about all the shootings, all the political craziness, all the tainted toy recalls and of course, all the celebrity bullshit.
I couldn't believe when every time I turned on the TV, all I heard about was Anna Nicole Smith. And months after her death, I still hear about her and one news channel reached the lowest depths when it showed pictures of her dead body in a hotel room.
Now, everyone has latched onto Britney Spears and will continue to suck her story dry until they push her to her psychological limits and she jumps off the tallest building in LA. As my Panamanian professor would say, "It's not science rocket" that the girl has some serious psychological problems. But instead of respecting that and giving her space so things aren't worse for her, the media documents every minute and every second of her day. Not only that, but they gleefully report on the fact that she is spiraling out of control.
With all of this celebrity drama taking up a large portion of the news, there is no time for thinking. When all we get fed is mind-numbing garbage from the big black box, are you really surprised that we don't know where Iraq is?

Wednesday, October 3, 2007

Não é para turistas (ou é?)

Comprei isto:
É um livrinho de bolso chamado «Not For Tourists» e é isso mesmo: um guia turístico para pessoas que não são turistas. É claro que grande parte desta estratégia é marketing. Sei bem que eles deram esse nome ao guia para os turistas o comprarem, mas a verdade é que este livro é mesmo aquilo que eu preciso: um guia da cidade sem páginas sobre a Estátua da Liberdade, Central Park ou Empire State Building. No fundo, é um conjunto de mapas detalhados de Nova Iorque com listagens de restaurantes, cafés, livrarias, cinemas, estações dos correios e outras coisas do género em cada zona da cidade. Vai-me dar muito jeito, podem crer.

Monday, October 1, 2007

Ainda não é desta que a E.A.G.L.E. voa

Foi em metade de uma folha fotocopiada, mas pelo menos dignaram-se a responder:

«Dear Writer, thank you for your inquiry. We are sorry that we cannot invite you to submit your work or offer to represent you. Moreover, we apologize that we cannot respond in a more personal manner. We wish you the best of luck elsewhere.
»

Perdida a primeira batalha, agora é reformular a carta de apresentação e enviá-la a mais uns quantos agentes.