Thursday, November 29, 2007

«Charlie Wilson's War»

Mais uma exibição especial de um filme que ainda não saiu: «Charlie Wilson's War». Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman numa história sobre o envolvimento dos Estados Unidos na guerra entre a União Soviética e o Afeganistão. Eu não sou crítico de cinema - muito longe disso - e o mais natural é isto ganhar uma data de Oscares, mas pareceu-me que este filme é mais uma sequência de acontecimentos do que uma história. É uma película competente e interessante, mas falta-lhe emoção, o que é estranho já que foi escrita por Aaron Sorkin, autor de séries como «Os Homens do Presidente» ou a mais recente «Studio 60 on The Sunset Strip», uma série sobre os bastidores da televisão que foi arrasada pela crítica mas que eu papei com grande avidez.

Tom Hanks e Julia Roberts cumprem o seu papel, como seria de esperar, mas é Philip Seymour Hoffman que merece destaque. Que mais não seja por isso, vale a pena ver o filme só para assistir a mais um grande desempenho deste actor que confirmou todas as suas qualidades em «Capote» e que, agora, dá corpo a um agente da CIA com uma tal presença, credibilidade e magnetismo que é difícil tirar os olhos dele em qualquer cena em que intervenha.

Monday, November 26, 2007

Casa, sweet home

Quase um ano depois de estar aqui a viver, continua a ser um pouco estranho atravessar a George Washington Bridge depois de uns dias fora da cidade, olhar para as luzes de Manhattan, as mesmas luzes que vi em filmes e fotografias desde miúdo, e sentir aquela sensação confortável de quem está quase a chegar a casa. Às vezes ainda é um pouco difícil de acreditar, mas, agora, esta é a minha casa.

Saturday, November 24, 2007

Notas e lições do meu primeiro Thanksgiving

Em Portugal temos imensas feiras gastronómicas, festivais do marisco, recordes que vão desde a maior feijoada até ao maior churrasco do mundo e feriados em que se come até mais não poder, mas o que não temos é um feriado dedicado exclusivamente a comida. E é isso que é o Thanksgiving: uma enorme refeição que começa à uma da tarde e acaba às nove ou às dez da noite. No meu caso, e porque os pais da Jennifer estão separados, duas refeições: uma em casa do pai, outra em casa da mãe, espaçadas por um período de aproximadamente quarenta e cinco minutos.

Na sua essência, o Thanksgiving é a recriação do jantar que os colonos decidiram fazer para agradecer o primeiro bom ano de colheitas desde que se tinham estabelecido na América, sucesso agrícola esse conseguido devido aos ensinamentos dos índios nativos que, por essa razão, foram também convidados para o jantar. Foi, sem dúvida, o ponto alto das relações entre colonos e índios já que, feita a digestão, os índios foram chacinados num espaço de poucos anos. Pode parecer ingratidão, isto de chacinar pessoas depois de nos terem ensinado a sobreviver numa terra desconhecida, mas, quer dizer, povo que nunca chacinou outro que atire a primeira pedra. Nós, portugueses, em termos de chacina devemos estar nos primeiros lugares da tabela, em parceria com os espachóis, imagino, até porque, por alturas do jantar original de Thanksgiving, em 1621, já nós tínhamos anos e anos de experiência chacinatória, desenvolvida à custa de muito povo degolado pelos quatro cantos do mundo.

Bom, mas dizia eu que o Thanksgiving é a recriação desse primeiro jantar, com a diferença de que, à partida, ninguém vai chacinar ninguém nos próximos tempos, até porque isto de mutilar pessoas dá trabalho e implica dispêndio de energia - tarefa para a qual ninguém se voluntaria depois de uma barrigada de perú com recheio, puré de batata, tarte de batata doce, caçarola de feijão verde, coleslaw e souflé de milho, tudo isto cimentado por uma sobremesa de tarte de abóbora, tarte de maçã e cheesecakes de côco e chocolate.

Este foi o meu primeiro Thanksgiving e, como sempre acontece numa primeira vez, há lições a tirar. Destacaria esta: não encher o prato pela segunda vez, principalmente se, dali a três quartos de hora, temos de ir jantar outra vez a casa de outra pessoa. É que, aparentemente, regurgitar perú não é uma das tradições do Thanksgiving*. Estes americanos não sabem o que é diversão, pá.

*Não aconteceu comigo, mas foi por pouco.

Tuesday, November 20, 2007

Dia/Noite

Desde que a hora mudou aqui, às quatro e meia da tarde já está escuro. Às vezes, até dou por mim a pensar que estou na Noruega.

Monday, November 19, 2007

Do, ré, mi

Sábado fui pela primeira vez ao Carnegie Hall (na imagem), uma das mais importantes salas de espectáculo de Nova Iorque. Uma amiga da Jennifer ofereceu-lhe bilhetes para o recital de um pianista russo chamado Denis Matsuev, e nós fomos, movidos mais pela vontade de conhecer o edifício do que propriamente para ouvir o homem. Não é que eu não aprecie uma pianada de vez em quando. Pelo contrário. Vi «O Piano» e tudo. E quando era mais novo até cheguei a ouvir discos do Richard Clayderman, esse monstro da música de elevador que rivaliza ombro a ombro com o Kenny G. ou com a flauta de pan do Rao Kyao.

Bom, seja como for, Denis Matsuev, é, sem dúvida, um génio. E nem me refiro sequer à sua técnica ou talento, porque os meus conhecimentos musicais não são suficientes para avaliar da sua qualidade. Aliás, se ainda fosse preciso provar que sou um ignorante nesse capítulo, bastaria analisar o meu comportamento durante o recital, nomeadamente o cuidado que tive para não ser o primeiro a bater palmas, não fosse eu começar a aplaudir numa pausa, só para descobrir segundos depois que, afinal, não era exactamente o fim da sonata mas apenas uma mudança de andamento. Seria embaraçoso. Mais embaraçoso do que quando o telemóvel de alguém começou a chamar com aquele toque da Nokia, ou quando um velhinho quatro ou cinco filas atrás de mim desatou a tossir de tal maneira que parecia que ia vomitar.

Dizia eu então, e repito agora, que Denis Matsuev é um génio, e essa minha asserção assenta no facto dele ter tocado de cabeça, sem recorrer a pautas nem nada disso. Por um lado, fiquei algo desiludido já que não pude ver ao vivo uma daquelas pessoas que viram as folhas com a música, ocupação que consegue ser ainda mais secundária do que sidekick de super-herói, mas, por outro, observei com admiração a capacidade de memorização do pianista. Decorar peças inteiras de Liszt e Prokoviev não é para qualquer um. Para mim não é, com certeza, que muitas vezes só depois de passar os créditos finais é que me lembro que já tinha visto aquele filme ou que duas semanas depois de ler um livro já não me recordo se foi ou não o mordomo que matou o pobre coitado no primeiro capítulo.

Agora a sério, foi, inquestionavelmente, um grande concerto, e a prová-lo estão os oito ou nove encores que homem fez. De cada vez que ele se sentava para tocar mais qualquer coisa, eu torcia para que fosse o «Moonlight», mas não. Nunca foi. Essa sonata de Beethoven deve ser demasiado fácil para o Denis Matsuev.

Friday, November 16, 2007

A história de Dewey Cox

Durante a exibição do «The Mist» deram-me um convite para ir a uma sessão especial de outro filme, desta feita uma comédia de nome «Walk Hard». Foi ontem. Este filme conta a história de Dewey Cox, um cantor que vive assombrado pelo facto de ter cortado o irmão ao meio durante uma brincadeira com cantanas quando era criança. Dewey atinge o estrelato, mas problemas pessoais, entre os quais o facto do pai estar sempre a repetir que the wrong kid died, leva-o a ter uma vida conturbada e um carreira com altos e baixos que passa pelo country, rock'n'roll, punk, música de intervenção e até uma fase hippie.

«Walk Hard» é uma espécie de paródia ao «Walk The Line», parece-me, mas, o filme sobre a vida de Johnny Cash é bem melhor do que este, mesmo comparando dois géneros completamente distintos. É provável, contudo, que este filme seja bem recebido, até porque é produzido por um dos nomes mais sonantes na nova comédia em Hollywood, Judd Apatow, responsável por grandes sucessos de bilheteira como «Knocked Up» e «Superbad», mas a mim não me convenceu totalmente. Há gags muito bons, ri-me algumas vezes, mas não as suficientes para recomendar uma ida ao cinema para ver o filme. Aluguem o DVD quando sair.

Wednesday, November 14, 2007

A Neblina

Segunda-feira fui à ante-estreia do filme «The Mist». Estou na mailing list da «Time Out New York», uma revista sobre aquilo que anda a acontecer na cidade, e, de vez em quando, eles oferecem bilhetes para este tipo de coisa - o que é óptimo já um bilhete de cinema aqui custa 12 dólares.

Na verdade, eu nem sabia que ia ser a ante-estreia mundial do filme. Pensava que era apenas uma exibição especial, mas dei por mim na mesma sala que os actores da película, o realizador (o mesmo que realizou o grande «Condenados de Shawshank») e uma data de convidados VIP, dos quais tenho a destacar o Stephen King. Eu nem queria acreditar quando ele se levantou para agradecer os aplausos quando o realizador disse que o filme era baseado numa obra sua. Não é que eu tenha alguma vez lido alguma coisa do Stephen King, mas o homem é uma lenda da literatura contemporânea. Não sei se é o autor que mais livros vende em todo o mundo, mas, se não é, deve andar lá perto. E eu estive na mesma sala que ele.

Quanto ao filme propriamente dito, este «The Mist» é um interessante filme de terror, se bem que tenta ser mais do que isso. Utilizando uma situação extrema de pânico colectivo em que um grupo eclético de pessoas é colocado num supermercado durante um ataque de algo que se esconde uma neblina espessa, o filme aborda a questão do fanatismo religioso e da sua relação com o medo. Percebi a intenção, mas não me tocou por aí além. Achei o desenvolvimento dessa componente da história algo apressado. As cenas mais bem conseguidas são, sem dúvida, as de acção nua e crua já que, apesar de envolverem monstros e criaturas irreais, conseguem ser verosímeis ao ponto de eu dar por mim pensar «epá, se eu estivesse fechado num supermercado e fosse atacado por insectos gigantes seria exactamente assim, com certeza». O clímax é potente e fecha o filme de modo emocionalmente satisfatório.

Resumindo: ainda apanhei um cagaço ou outro e, portanto, saí do teatro contente. Principalmente porque não tive de pagar.

Sunday, November 11, 2007

Fim-de-semana em Saratoga Springs

«Aahhhhh... a vida é boa...». Era essa a única coisa que me apetecia dizer depois de sair da sauna e do banho termal que fiz num dos spas de Saratoga Springs. Nunca 45 minutos passaram tão depressa. Agora, com os pólos mais abertos do que nunca, estou na Interstate 87, a caminho de casa. Faltam cerca de 60 milhas para chegar a Queens e estou a deixar para trás um grande fim-de-semana, passado numa cidade conhecida pelas suas corridas de cavalos, mas que tem suficiente variedade de oferta para agradar a pessoas de sensibilidades menos equestres, como é o meu caso.

E a coisa até nem começou muito bem. Chegámos sexta-feira à noite, já um bocado tarde, e a dona do bed and breakfast onde ficámos instalados aconselhou-nos a ir jantar ao Wine Bar. Ainda estou para perceber porquê. Aquilo tresandava a yuppies por todos os lados e não me parece que eu tenha aspecto de yuppie. O que quer que a tenha levado a pensar que aquele restaurante seria o mais indicado para nós vai para além da minha compreensão, mas acaba por não interessar muito para o desenrolar da história porque, como disse, já era tarde e os restaurantes estavam todos a fechar, incluindo aquele. Felizmente, no outro dia de manhã, a senhora não estava por perto, porque ia ser embaraçoso quando ela perguntasse se tínhamos gostado do Wine Bar e nós tívessemos de responder que tínhamos jantado bolo de chocolate e cheesecake de maçã na pastelaria em frente.

O sábado, contudo, abriu em grande. A grande vantagem de se ficar num bed and breakfast em vez de num hotel é exactamente o breakfast. Não é cá aquelas tretas de pequeno-almoço continental tipo buffet. Detesto essas cenas. Um indivíduo ainda está meio a dormir e já lhe estão a pedir para que ande com um prato na mão à procura de comida. É estúpido. Num bed and breakfast, o pequeno-almoço é normalmente caseiro, feito na hora e servido à mesa. Há uma desvantagem, contudo: é que, como o ambiente também é caseiro, é preciso falar com pessoas e isso. E falar com pessoas logo pela manhã é capaz de ser tão puxado como andar com pratos de um lado para o outro num buffet. Mas pronto. Não se pode ter tudo e, entre um e outro, sempre prefiro as pessoas porque pelo menos não corro o risco de as deixar cair no chão e espalhar ovos e bacon pela carpete do hotel.

Durante o resto do dia, fomos passear pela cidade. Nesta altura do ano, o Outono encarrega-se de oferecer cenários pitorescos entre o amarelo e o vermelho a quem tiver disposição para os apreciar, e nós tínhamo-la. Eu sei que prometi fotos, mas estava um frio do caraças e não me apeteceu tirar as luvas.

No domingo, antes de nos virmos embora, foi então a altura para o spa. Eu nunca tinha ido a spas, confesso - se não sou yuppie, muito menos sou metrosexual -, mas, epá... foram 45 minutos de sonho. Os dedos ficaram um bocado enrugados, é verdade, mas, desta vez, não foi de lavar a loiça.

Friday, November 9, 2007

É de ver

Ouvi agora na net que vai estrear em Portugal a série «Flight of the Conchords». Não sei em que canal isto vai passar - deve ser no cabo, porque nenhum canal generalista seria capaz de passar uma coisa destas -, mas é de ver. Nem todos vão gostar. É daquelas coisas que ou se gosta, ou nem se chega a detestar porque passa completamente ao lado. A série conta a história de dois músicos neo-zelandeses que decidem vir para Nova Iorque tentar a sua sorte, nunca conseguindo, contudo, sair do anonimato. A série é de ficção, obviamente, até porque, na vida real, os «Flight of the Conchords» são uma dupla de enorme sucesso na Nova Zelândia e, agora, também aqui nos Estados Unidos. Eles fazem comédia com música, um pouco ao estilo dos «Cebola Mole», para dar um exemplo português, mas as letras são de uma originalidade delirante. Aliás, para a série funcionar em Portugal, a tradução das letras terá de ser muito bem feita.

Para que tenham uma ideia daquilo que os «Flight of the Conchords» fazem, saquei dois vídeos do Youtube com excertos de um espectáculo que eles deram no canal «Comedy Central». Do primeiro vídeo, que fala das quartas-feiras, a noite em que um deles tem sexo com a mulher, destaco esta passagem: «Next thing you know we're in the bathroom brushing our teeth, that's all part of it, that's foreplay, it's very important. Than you go sort out the recycling, that's not part of it, but it's still very important»; do segundo, um tema sobre os problemas da sociedade actual, a minha parte preferida é esta: «There's people on the streets getting diseases from monkeys, yeah that's what I said: they're getting diseases from monkeys. Why is this happening, please? Who's been touching these monkeys? Leave these poor sick monkeys alone, they're sick , they've got problems enough as it is».




Escapadinha

Apesar de não o fazer tanto quanto gostaria, viajar é uma das coisas que mais me fazem vibrar. Por isso, mesmo quando se trata de uma escapadinha como aquela que vamos fazer este fim-de-semana, fico logo com outro estado de espírito. Vamos a Saratoga Springs, uma cidade de arquitectura vitoriana com termas e lagos e cenas dessas. Fica a norte do estado de Nova Iorque, a cerca de quatro horas de Manhattan. Vou ver se dá para ir pondo aqui umas pictures durante o fim-de-semana.

Wednesday, November 7, 2007

A greve dos «gajos que até têm jeito para escrever»

A greve dos guionistas americanos é completamente justificável. Acho que ninguém - à excepção dos grandes estúdios de cinema e televisão - é capaz de discordar que os guionistas têm direito a uma fatia dos lucros obtidos com a venda de DVD's ou com a exploração comercial dos formatos por eles escritos na internet ou em telemóveis.

Nós, os guionistas portugueses, devíamos seguir-lhes o exemplo, mas isso é uma utopia que nem o próprio Thomas More seria capaz de conceber. Não estamos organizados enquanto classe para conseguirmos avançar com uma coisa dessas e, para além disso, todos nós sabemos que, se fizéssemos greve, alguém da produção ia logo lembrar-se que tem uma amiga que tem um sobrinho que tem um colega que até tem jeito para escrever e ficava logo o problema resolvido. Éramos logo substituídos por um caramelo qualquer que até fazia o nosso trabalho por menos dinheiro porque está convencido que trabalhar em televisão o vai ajudar a conquistar miúdas.

Felizmente para mim, até não me posso queixar das pessoas com que tenho trabalhado enquanto guionista. Eu, o Dionísio e o Bruno temos uma relação honesta e até de amizade, em muitos casos, com as produções dos programas em que temos colaborado, mas isso não muda o panorama geral da situação. O guionista, em Portugal, é ainda visto como «o gajo que tem umas ideias e escreve umas coisas» e esta noção, que só não é ofensiva porque demonstra uma ignorância tão grande daquilo que é o nosso trabalho que dá mais pena do que raiva, leva a que todos pensem que podem ser guionistas. Talvez possam, mas eu digo já uma coisa a essa gente toda: quando tiverem guiões para escrever mas a coisa não esteja a sair e decidam por isso vir escrever um post no seu blogue sobre a greve dos guionistas americanos adiando por alguns minutos o stress da folha em branco, não se queixem... É só isso que eu digo.

Friday, November 2, 2007

Segundo é melhor que terceiro

Não é normal ficarmos nos lugares cimeiros em rankings que não tenham a ver com acidentes na estrada ou taxas de alcoolismo, e, por isso, achei digno de relevo que, numa iniciativa da National Geographic Traveler, 522 peritos tenham eleito os Açores como as segundas melhores ilhas do mundo. Não devem ter estado aí no Inverno, com certeza, mas, de qualquer maneira, é uma classificação de prestígio.

Em primeiro lugar, ficaram as Ilhas Faroé, arquipélago conhecido pelas suas vergonhosas prestações no Jogos Olímpicos e pelas cabazadas que leva no futebol. Portanto, se há uma lição a tirar disto, é que, por mais autónomos que os Açores sejam, nunca devemos cair na tentação de querer ter as nossas próprias selecções desportivas.

Thursday, November 1, 2007

Halloween

Desilusão: não me apareceu ontem nenhuma criança aqui em casa a dizer «trick or treat». Não tinha nada para lhes dar, é verdade, mas isso não quer dizer pescoço. Sempre queria ver que tipo de susto é que eles me iam pregar. Talvez mostrar os dentes cariados pelos rebuçados que já comeram naquele dia, ou isso.

Bom, seja como for, para mim, é a queda de um mito. Anos e anos a ver filmes sobre o Halloween para verificar agora in loco que é tudo invenção de Hollywood. A não ser que as crianças não tenham pachorra para vir a prédios de apartamentos sem elevador. Se for isso, até compreendo. Subir escadas é cansativo, principalmente se se estiver mascarado com uma armadura de cavaleiro medieval, e pode até ser perigoso se se tropeçar no lençol de fantasma quando se está a descer os degraus.

Apesar de ser mais dedicado às crianças, este dia não deixa de ser assinalado pelos mais crescidos. Por aquilo que pude perceber, o Halloween é uma oportunidade para os adultos darem asas aos seus recalcamentos sexuais mais profundos, utilizando máscaras para assumir as suas verdadeiras personalidades. Contudo, ao contrário do que acontece no Carnaval em Portugal, não vi nenhum homem vestido de mulher. Aqui, a moda parece ser as mulheres vestirem-se de prostitutas. Por mim, tudo bem. Sempre há mais para olhar nas viagens de metro.