Friday, December 26, 2008

Natal ao contrário

Este foi o primeiro Natal que passei sem ser em casa dos meus pais. Estou em casa do pai da Jennifer, na Pensilvânia, naquilo a que o meu irmão chama de «América profunda», mas que, se calhar, é melhor chamar de «América semi-profunda» já que basta comparar isto com o Texas ou o Kentucky, por exemplo, para perceber que há profundezas bem mais profundas do que a Pensilvânia nos EUA.

Seja como for, e apesar de, como sabem, eu não ser grande apreciador desta quadra, devo admitir que passar o Natal fora de casa é uma experiência algo estranha. Parece que está tudo errado, que não é assim que se faz. E não é por estar noutro país que digo isto. Tenho a certeza que se estivesse em Portugal, mas noutra casa que não a minha, teria a mesma sensação. Desde que os rituais seguidos não sejam aqueles com que cresci - abrir as prendas na véspera de Natal, fazer depois a ceia à meia-noite e tudo isso - parece que o Natal está ao contrário.

Friday, December 12, 2008

Voluntariado à minha medida

Já há algum tempo que eu sabia que me devia voluntariar para alguma coisa. Sentia uma vontade de fazer algo de útil, mas sabia também que não me apetecia dar de comer a pobres, tratar de doentes em hospitais ou fazer companhia a idosos em lares de terceira idade - tudo actividades extremamente meritosas, como é evidente, mas para as quais eu não tenho grande inclinação por me faltar altruismo e bondade em doses suficientes.

Até que, há coisa de dois meses atrás, encontrei uma oportunidade de voluntariado que parecia feita à minha medida. Era para trabalhar numa estação de televisão de cariz não-lucrativo cuja missão é dar exposição a outras culturas e outras maneiras de ver o mundo, um objectivo que, não sendo tão imediato e urgente como dar de comer a pobres, ajudar doentes em hospitais ou fazer companhia a idosos em lares de terceira, não deixa de ter o seu quê de meritório.

A estação chama-se Link TV e tem um site na internet (ver aqui), bastante bem organizado e apelativo por sinal, onde se pode começar a perceber qual a sua orientação editorial. Nesta estação pode ver-se, por exemplo, compactos de serviços noticiosos de países islâmicos onde assuntos como a guerra no Iraque são apresentados sob o ponto de vista do outro lado do conflito, filmes produzidos em várias partes do mundo, programas de debate independente sobre as questões que afectam o planeta, rubricas sobre globalização, ecologia ou minorias étnicas e documentários significativos que abordam temas internacionais de relevo, que podem ir desde o genocídio no Darfur até ao poder das grandes corporações na economia mundial, passando pela luta dos monges tibetanos contra o império chinês ou pela devastação da Amazónia.

Foi, acima de tudo, esta última componente que me convenceu. Sempre fui grande apreciador de cinema documental e, juntando os benefícios pessoais que poderia retirar da experiência de trabalhar numa estação de televisão (se bem que de dimensões muito reduzidas) com a missão positiva e louvável deste canal em concreto, não podia deixar de tentar perseguir esta oportunidade.

Enviei o currículo, fui a uma entrevista e comecei a trabalhar na segunda-feira seguinte. Desde então, tenho lá ido todas as segundas e quintas à tarde. Comecei a fazer entradas numa base de dados (actividade fastidiosa que, contudo, até fiz de boa vontade porque era uma coisa em que não precisava de pensar muito - uma diferença relaxante em relação ao meu emprego propriamente dito) e, agora, passado um mês e meio, passei a fazer visionamento e crítica de documentários, com o objectivo de avaliar a sua qualidade para emissão. Não sei quanto tempo vou lá ficar, se me vou fartar daquilo depressa ou nem por isso, mas, por enquanto, está a ser uma experiência muito positiva.