Saturday, June 30, 2007

Viagem de cacilheiro

Hoje fizemos mais uma daquelas coisas obrigatórias em Nova Iorque: uma viagem no Staten Island Ferry. E o que é que tem de especial uma viagem no Staten Island Ferry? No fundo, é como ir no cacilheiro para Cacilhas, com a vantagem de ser de graça. Não é no Tejo e, em vez do castelo, vemos o skyline da baixa de Manhattan, mas a ideia é a mesma. Cá está uma foto (saquei-a da internet porque não tive paciência de levar a máquina fotográfica, mas faz de conta que fui eu que a tirei):


Isto é mesmo a parte mais a Sul de Manhattan. Para que se perceba geograficamente do que estou a falar, cá está um mapa de Nova Iorque (também o saquei da internet e, neste caso, não vale a pena fazer de conta que fui eu que o desenhei):

Manhattan é, como devem saber, o número 1. Staten Island é o 5. Aquelas ilhotas que estão entre uma coisa e outra são a Liberty Island (a mais pequenina) - onde está a Estátua da Liberdade -, a Ellis Island e a Governors Island (a maiorzinha). Já agora, eu moro no número 3 (mas perto do 1, felizmente).

A viagem vale a pena, principalmente se o tempo estiver bom, como era o caso. Contudo, ao ver aquela gente toda a querer entrar no ferry, a maioria turistas, não pude deixar de pensar que os habitantes de Staten Island, os que têm de fazer a viagem não porque lhes apetece, mas porque não têm outro remédio, devem detestar aquilo. Quer dizer, podiam ter um barco só para elas mas, por causa do pessoal que quer tirar fotografias, têm de levar com enchentes todos os dias (se bem que, diga-se de passagem, o barco é enorme e cabe lá toda a gente).

Quanto à Staten Island só há uma coisa a dizer: não ná nada para dizer sobre Staten Island (e, mesmo assim, já foi difícil encontrar para tanta coisa para dizer sobre Staten Island).

Thursday, June 28, 2007

Obrigadinho, mas não tenho espaço

Se eu trouxesse para casa toda a papelada que me querem dar, entre panfletos, jornais, convites, cartões de visita, cadernetas de descontos, alertas para o fim-do-mundo e outras coisas do género, precisaria de uma dispensa maior que os armazéns da Inapa.

Wednesday, June 27, 2007

Alterações climáticas

Está um gajo muito bem em casa a trabalhar, um calor do caraças lá fora, um dia brutal, quando, de repente, relâmpago. Meio segundo depois, trovão. Outro meio segundo, chuva torrencial. Isto está mesmo tudo marado, pá.

Monday, June 25, 2007

Cheiros de NYC

Já agora, ainda a propósito do Central Park, e para que não pensem que isto aqui é tudo fantástico, tudo mágico, tudo glamoroso, gostava hoje de deixar aqui uma pergunta no ar: a que cheiram as entradas sul do Central Park?

Palpites? Alguém?

Quem disse bosta e urina de cavalo? Boa! Acertou! Porquê? Porque é aí que estão estacionadas as carruagens que levam os turistas pela tradicional e foleira voltinha de cavalo pelo parque - sim, porque passeios numa carruagem puxada a cavalo é algo sempre foleiro, quer se esteja em Ponta Delgada, em Sintra ou em Nova Iorque.

Glamoroso? Não me cheira. Um turista que pagou uma fortuna para ficar num hotel à beira do Central Park sabe disso antes de abrir as janelas do quarto? Não me parece. Foi bem enganado? Foi, pois.

Saturday, June 23, 2007

Stand-up comedy no Central Park

Foi sexta-feira. Um espectáculo de stand-up comedy no Summerstage do Central Park organizado pelo canal Comedy Central e, por isso, denominado «Comedy Central Park».

Quanto mais vejo stand-up comedy, mais admiro os comediantes que a fazem. É que, para ter piada naquilo, é necessário reunir um significativo conjunto de qualidades. Criatividade, presença em palco, um grande par de tomates, sentido de observação e análise do mundo, cultura geral, empatia, originalidade no estilo, timing de comédia e, acima de tudo, acho eu, inteligência.

É evidente que estou a falar de comediantes de stand-up como deve ser; não de pessoas que contam anedotas durante uma hora ou que representam sketches sozinhas. Não que tenha algo contra quem conta anedotas durante uma hora ou representa skecthes sozinho. Pelo contrário. A questão é que isso não é stand-up comedy e é de stand-up comedy que estou a falar hoje.

Daí ter dito que a inteligência é a qualidade que destaco nos comediantes que tenho visto até agora. As coisas que eles dizem, as obervações que fazem, as comparações que estabelecem, as referências que utilizam como exemplo, no fundo, todo o conteúdo dos seus números reflectem um tipo de inteligência muito particular. Já sabia que para trabalhar na área do humor era necessário ter dois dedos de testa, mas ver estas pessoas ao vivo tem servido para elevar a barra dos meus critérios humorísticos.

Para ser sincero, tem servido também para outra coisa: como pessoa que trabalha na área do humor, não consigo deixar de sentir uma certa frustração e inveja depois de tomar consciência da qualidade dos textos que eles criam. Mas é uma frustração e uma inveja boas. Se é que isso existe.

Monday, June 18, 2007

Bem sei que nunca se deve dizer nunca, mas, neste caso, é mesmo nunca, nunca, nunca mais

São dez e meia da noite, mais coisa, menos coisa. Há uma semana atrás, por esta altura, estava enfiado dentro de um autocarro há mais de nove horas, e tinha ainda mais duas pela frente antes de chegar a Nova Iorque.

Daqui a Conneuatville, localidade onde vivem os pais da Jennifer, são cerca de não sei quantos quilómetros. É como ir de Lisboa ao Porto e voltar no mesmo dia. De Lisboa a Braga, talvez. Bom, seja como for: de carro são sete horas de viagem, e é isso que interessa. De autocarro, por seu lado, são onze e, se o tempo é mesmo relativo, são onze que valem por cento e onze. Que calvário! Na verdade, e esticando a metáfora biblíca, é preferível fazer uma Via Sacra, já que, pelo menos, sempre se para doze vezes, em vez de ter de se aguentar durante horas para ir à casa-de-banho.

Por falar em casa-de-banho, verdade seja dita que experimentar as instalações sanitárias do autocarro foi um dos pontos altos da viagem de vinda. Fi-lo mais por curiosidade do que por outra coisa qualquer. Para passar o tempo. Queria ver como era. Queria perceber se era possível aquilo ser mais pequeno do que o W.C. dos aviões. E era. Para aí metade, acredite-se ou não. Eu cá não queria acreditar, digo-vos já.

A outra referência que queria fazer em relação a essa viagem diz respeito à mulher que se sentou na minha fila do outro lado do corredor. Mulher, quer dizer... A Jennifer acha que era uma prostituta travesti. Para mim, era uma mulher feia como o raio e, como tal, não olhei muito. Para quê? Pois se era uma mulher feia como o raio! Que razão tinha para olhar? Uma vez basta. Faz-se o diagnóstico estético-visual e, em caso de avaliação negativa, conclui-se que não vale a pena olhar mais e pronto.

Contudo, admitirei uma coisa: pelo canto do olho, cheguei a vislumbrá-la em movimentações algo estranhas ao contexto de um autocarro depois de um homem, também ele de aspecto questionável, se ter sentado ao lado dela. Desculpem: dele. Dela. Epá, não sei. E também não quero pensar muito nisso, para dizer a verdade.

Isso foi na viagem de vinda. A de ida não foi muito melhor. Começou logo mal no terminal de autocarros. Pessoas às carradas, todas elas, ou grande parte delas, para ser mais preciso, a quererem ir para o mesmo sítio que eu. Um inferno na Terra. Entre as pessoas que acabaram dentro do meu autocarro, destaco três, todas elas dignas de argumento de filme, tivesse eu tempo e paciência para me dedicar a uma coisa dessas nesta altura.

Uma dessas pessoas, uma rapariga, tinha a cara completamente espatifada - e isto agora não é para ter piada. Tinha mesmo, como se alguém lhe tivesse batido com violência. Nunca tinha visto tal coisa a não ser na televisão. O curioso é que, apesar disso, a rapariga não parecia muito abatida. Pelo contrário, mostrava-se até algo aliviada. Deu-me a ideia que estava a fugir de algo muito, muito mau e que se sentia leve por isso.

As outras duas pessoas que gostava de referir, também não tinham histórias alegres para contar, parece-me. Era uma mãe e um filho, com uma boa dezena de malas de viagem, mochilas e sacos. Estavam a levar a sua vida para outro lado. A mãe, devastada, explicava à mínima oportunidade a quem quisesse ouvir que nunca mais voltaria ao estado de Nova Iorque porque aqui só há filhos da puta. A certa altura ouvi-a dizer para o filho, e isto tem mesmo de ser em inglês porque em português não tem o mesmo efeito: «Don't worry. I promise that everything is going to work out fine». Isto, desfeita em lágrimas. O filho, um puto de para aí de seis ou sete anos, tinha uma expressão indescritível. Lá no fundo, lia-se tristeza, mas, à superfície, mantinha-se forte, como se fosse o seu papel apoiar a mãe naquela situação.

Bom, histórias com fartura à solta nos autocarros americanos. Se algum dia quiser escrever uma tragédia já sei onde procurar inspiração. Por enquanto, e como tenho trabalhado mais na área da comédia, vou evitá-los até à medida do possível.

Sunday, June 17, 2007

Pum, pum, pum, tárátátá

A Jennifer surpreendeu-me hoje com bilhetes para os Stomp:

Curti mesmo, mesmo muito, mas devo dizer uma coisa: não é um espectáculo aconselhável para quem estiver com dores de cabeça. Nem de ressaca, imagino. A não ser, é claro, que queiram experimentar a sensação de uma cabeça a explodir de tanto latejar ao ritmo de batucadas em caixotes do lixo, bidões e afins. Mas isso agora já vai dos gostos e preferências pessoais de cada indivíduo, não é?

Bom, de qualquer maneira, e voltando ao espectáculo propriamente dito, trata-se de muito mais do que, como acima descrevi com alguma leviandade, «batucadas em caixotes do lixo, bidões e afins». Na verdade, trata-se de batucadas em caixotes do lixo, bidões, sinais de trânsito, baldes, bolas de básquete, vassouras, tachos e panelas, caixas de fósforos, lavatórios, cadeiras metálicas, caixotes, tubos, aquelas coisas de borracha para desentupir sanitas e - agora sim - afins. Depois de ver os bailarinos a baterem naquilo tudo, dá mesmo vontade de fazer um peditório pela plateia para lhes comprar uma bateria e um djambé . Eles merecem e, com certeza, não a podem comprar porque não tem dinheiro. Deve ser isso.

O meu número preferido, contudo, não foi executado com nenhum dos objectos já listado, mas sim com Zippos. Apenas com os sons dos isqueiros a abrir, a acender e a fechar. Grande momento, tanto mais porque as luzes apagam-se e tudo o que vemos é a chama dos isqueiros quando são acendidos. Assim explicado desta maneira pode parecer um bocado um foleiro, tipo um concerto da Céline Dion quando as pessoas acendem os isqueiros ao som da música do «Titanic», mas não tem nada a ver.

Curioso também é como, no meio de danças e ritmos frenéticos, há espaço para o humor com setups e payoffs construídos com mestria. Por exempo, durante todo o espectáculo há uma personagem que tenta juntar-se ao grupo, mas batuca sempre fora de tempo, atrapalhando a actuação dos outros. E tem piada o gajo. Bem, tem piada, ou então estava mesmo trocado. Agora, pensando melhor, não sei bem.

Saturday, June 16, 2007

Dois minutos

Hoje tive um stress com o computador. Andei a mexer onde não devia e grande parte das minhas configurações desapareceram. Ainda tentei resolver a coisa, mas, como parecia que estava a fazer mais mal do que bem, decidi dar um pulo à loja da Apple.

A eficiência daquilo é a todos os níveis notável. Para começar, não se trata de uma lojeca qualquer. Estamos a falar disto:


Para não correr o risco de chegar lá e ficar muito tempo à espera, fiz pela internet uma marcação no Genius Bar (é assim que se chama a parte da loja onde estão os técnicos que ajudam a resolver gratuitamente este tipo de problemas). Eram nesta altura cinco e um quarto e, portanto, marquei para as seis. Da minha casa à Quinta Avenida são vinte minutos, o que quer dizer que ainda tive tempo para dar uma volta pela loja para ver as novidades.

Fui atendido às seis horas e dois minutos. Às seis e um quatro tinha o problema resolvido.

Mas, pronto, só para não dizerem que ando armado em fanático dos Macs, comprei um rato sem fios da Microsoft.

Friday, June 15, 2007

Não sou o único (eu sabia!)

Fui a um espectáculo de stand-up comedy e ri-em à brava. E nem sequer foi num dos clubes principais da cidade, onde se paga cerca de 20 dólares só para entrar e ainda há um consumo mínimo de duas bebidas, o que significa que, brincando e rindo, um casal larga, no mínimo, 70 dólares para dar umas gargalhadas.

Este sítio a que fomos hoje não é bem um clube de comédia. Na verdade é um bar com um palco nas traseiras. Pagámos 5 dólares cada um, o que é perfeitamente aceitável, e, apesar de se tratar de algo meio alternativo, tivemos a sorte de apanhar um grupo de comediantes com piada - um deles faz até parte do elenco do «Daily Show».

Foi uma experiência interessante, tanto mais porque encontrei finalmente alguém que, tal como eu, perde a paciência com velhinhos. Um dos comediantes falou durante vinte minutos sobre isso e, claro está, foi aquele com que mais me ri. É bom sabermos que não estamos sozinhos.

The last weekend

So, it's Friday. And I have a pretty good feeling this will be the last Friday that I have nothing to do for the next couple years.

Tuesday, June 12, 2007

Shoes

Yeah, yeah, yeah. I know already. Nuno writes more than me. I wish I had his life, really. LOL.
Here I am; a grown woman, a professional, an intelligent human being. And yet, I am forced to live like a bag lady. But it's not my fault.
Being born a woman, the curse that serves as a eternal reminder of Eve's sin, I am forever bound to uncomfortable clothes and shoes. As a professional, especially one who lives in fashion-obsessed New York, I am forced to wear high heels so that people take me seriously.
Because high heels are sooooooooo uncomfortable, I have to bring a bag with my running shoes. Then I must find a place where I can swap my comfortable shoes for uncomfortable shoes and vice versa. I know people are looking, but what can I do. I know I am not the only one, as I see a lot of women toting one or more plastic bags, with at least one pair of comfy shoes sticking out.
But I have a dream. I have a dream that one day women will have a choice of comfortable professional-looking shoes so that women no longer have to carry around a second set of shoes so they can walk the 10 blocks to the subway without getting blisters.
I haven't found these dream shoes yet, but I continue to search the feet of my fellow sisters to find an answer to this age-old problem. So, if you see me looking, it's just research, not a foot fetish.

Classe e handicap

Uma das profissões que eu mais gostava de ter era jogador de golfe. Dos bons, é claro. Adorava. Contacto com a natureza aliado a milhões de dólares: que mais se pode pedir? Alguém para carregar os tacos? Parece que se pode ter isso, também.

Há imenso tempo que queria experimentar jogar golfe, mas a verdade é que só no fim-de-semana passado segurei num taco pela primeira vez. Não se podia esperar, portanto, uma perfomance a nível de um Tiger Woods. O homem começou jogar golfe quando tinha 2 anos, ou algo do genéro, e eu comecei aos 32, o que significa que devo estar a ganhar o meu primeiro masters lá para alturas do meu septuagésimo aniversário, o que não é mau de todo se tivermos em conta o estado da segurança social em Portugal. As reformas são uma miséria.

É claro que, para que este plano bata certo, tenho, antes de mais, de acertar na bola. Sem acertar na bola dificilmente serei grande jogador de golfe. Ora, já consigo ouvir o risos de quem nunca jogou golfe. «Que granda nabo! Nem sequer acerta na bola...», devem estar essas vozes a pensar. Mas isso não me afecta. Isso era o que eu pensava antes de experimentar. É ignorância, portanto. A verdade é só uma: acertar na bola é mesmo uma grande vitória. Batê-la mais de 20 metros então...

Mas eu consegui. Uma vez ou outra. Nunca duas de seguida, que é o meu próximo objectivo. Uma pode ser sorte; duas já é classe. E é isso que eu quero ter: classe. Quero que olhem para o meu swing e digam «Olhem para aquilo... Que classe». É isso que eu quero. É pedir muito? Não me parece.

A tarde no campo de golfe foi bastante reveladora, mas a noite no jardim do pai da Jennifer não o foi menos. O avô dela, jogador de golfe há mais de 50 anos, aceitou dar-nos umas lições e melhorar o nosso swing. Fiz não sei quantos buracos na relva - é mesmo difícil acertar na bola! Acreditem! - mas ainda tive os meus momentos de glória. Por duas vezes (não seguidas), bati a bola por cima das árvores para o outro lado da estrada. Foi bonito. E sei que o o avô da Jennifer, um veterano da Guerra da Coreia, olhou para mim com orgulho e pensou «Olhem para aquilo... Que classe».

Sunday, June 10, 2007

Fim-de-semana na América profunda

Estou a passar o fim-de-semana em casa dos pais da Jennifer. Gosto de cá vir. Quem me conhece, sabe que detesto convívios com famílias e coisas desse género, mas a verdade é que sou sempre muito bem recebido aqui e, apesar das discordâncias políticas e afins - que, por acordo tácito, não discutimos - divirto-me bastante sempre que passo cá uns dias.

É uma América totalmente diferente de Nova Iorque - radicalmente diferente, diria eu - e é bom mudar de ares de vez em quando. Os prédios mais altos que aqui existem são os celeiros, e penso que só é isso suficiente para mostrar que são dois locais completamente opostos. Gostava imenso de ter fotografias para postar, mas esqueci-me da máquina fotográfica em casa.

O lado menos positivo de vir aqui é a viagem. Normalmente adoro viagens, mas, enquanto não tiver um carro, não tiver dinheiro para vir de avião e os horários dos comboios não forem compatíveis com os nossos planos para o fim-de-semana, tenho de vir de autocarro e, de todo o tipo de viagens, as de autocarro são, sem margem para discussões, as piores. Principalmente se durarem 11 horas como é o caso desta.

Não tenho agora tempo para descrever as particularidades da vinda (porque estou de saída para ir jogar golfe), mas fica aqui prometido que, quando voltar a Nova Iorque, junto as experiências da vinda às da volta e escrevo um post sobre o assunto. Para já, posso dizer o seguinte: nunca mais falo mal dos autocarros portugueses.

Thursday, June 7, 2007

Coisas em que dou por mim a pensar não sei bem a propósito de quê

O que foi que aconteceu à lambada? Terá sido a dança com o tempo de vida mais curto da história?

«Chorando se foi quem um dia só me fez chorar... chorando se foi quem um dia só me fez chorar...»

Bela vida

Pois é... Estou mesmo a ver: hoje feriadozinho, amanhã ponte... Bela vida que vocês têm...

Tuesday, June 5, 2007

Vão lá ver que vale a pena

De vez em quando, não muitas vezes porque não sou facilmente impressionável, quer para o bem quer para o mal, encontro coisas que realmente me surpreendem. O blogue «Olhe que não, shô Doutor! Olhe que não...» foi uma delas. De génio. A título de exemplo, deixo aqui este excerto do post «Ira»:

Depois do cinema, já cá fora, encontro um indivíduo na paragem do autocarro que come Oreos como se fossem bolachas Maria. Trinca e pronto. Irritam, estas pessoas que não sabem comer uma Oreo. Há uma razão para a Oreo ser como é. Para enfardar uma Oreo na sua plenitude, deve-se retirar metade, lamber o branco como se fossemos deficientes ou estivéssemos com a boca dormente por causa da anestesia cavalar no dentista, e depois comer a outra metade. É assim que se come uma Oreo, mas ainda há para aí muito calhau com olhos que come aquilo como se fosse uma carcaça de pão. Por falar em dentista, a parvinha da recepcionista já parava de me perguntar coisas como “Ora, marcamos a próxima consulta para dia 20 de Novembro de 2007. De manhãzinha, às 10h. Pode ser?”. Sei lá se pode! Falta quase um ano, minha tansa. A única coisa que lhe consigo dizer é “a que dia da semana é isso?”. Ela responde com um “é uma terça” ou uma coisa dessas, ao que eu reajo com um “pois, ‘tá bem” como se o facto de ser a uma terça fizesse alguma diferença. Depois, e isto já m’aconteceu várias vezes, pelo menos mais que uma, se ligo para lá uma semana antes do dia 20 de Novembro de 2007 a dizer que, afinal, não vai dar para ir porque não sei quê, ela solta um “pois, compreendo”. Mas é um “pois, compreendo” envolto num claríssimo “então, ó minha besta, não sabias dizer isso quando marcámos a consulta, quase um ano antes? Eu não te perguntei se podia, meu patego?”. Eu bem lhe topo o tom. É isto que o “pois, compreendo” dela me está a dizer. Só me dá vontade de lhe dizer “Fod*-**, parem mas é de marcar consultas quase um ano antes ou o cara-***, fod*-**! Mas isso tem algum jeito, sua marrã da me***? Um ano antes, sei lá eu bem ou o cara*** se vou estar ocupado numa terça de manhã”. Mas não digo. Não que tenha dúvidas em relação ao tom dela. Eu sou espectacularmente bom a captar tons, não estou é para me chatear. Porque, se estivesse para me chatear, atacava logo à dentada o pescoço de quem me diz “olha o cinco de paus” quando estou a jogar solitário. Eu sei que está lá o cinco de paus, vacão! Não posso estar a guardá-lo? Além disso, por que raio estás tu a ver-me jogar solitário? Isso é que é uma bela existência que para aí vai. Jogar já é triste que chegue, mas ver jogar é todo um outro campeonato.

Friday, June 1, 2007

Notícias que davam filmes

Bem sei que o medo é explorado pelos órgãos de comunicação um pouco por todo o mundo - Portugal incluído - mas aqui dá-me a impressão que a cultura do medo está bastante mais sedimentada. Numa das estações nacionais, por exemplo, é divulgada diariamente, às 10 da noite, a seguinte mensagem: «It's 10 o'clock. Do you know where your children are?».

No entanto, por entre notícias de mortes, assaltos, esfaqueamentos, tiroteios, desaparecimentos, roubos, violações e outras violências do género, encontram-se verdadeiras pérolas que provam aquela teoria de que a realidade supera a ficção. Hoje, por exemplo, uma mulher foi raptada pelos pais no dia em que ela se ia casar. Parece que os pais não gostavam do genro e, então, o que é que eles se lembraram de fazer? Disseram à filha que lhe davam uma boleia e, em vez de virarem no cruzamento para a igreja, trancaram o carro e continuaram em frente para não mais voltar. Segundo eles, queriam apenas «falar com a filha». Dava ou não dava um filme?

A minha bolha

Isto é um sanitizer, um produto para desinfectar as mãos depois de tocar em qualquer coisa. É verdade que o dinheiro é sujo, que os varões do metro já foram agarrados por centenas ou milhares de pessoas e que as teclas das máquinas de multibanco já foram pressionadas por infinitos dedos, mas será que temos tanto nojo uns dos outros que temos de desinfectar as mãos sempre que tocamos em algo que já foi tocado por outra pessoa? O que é que vai acontecer se não nos esfregarmos com o líquido que está dentro daquele frasquinho? Será vamos apanhar uma doença contagiosa, como os anúncios parecem insinuar? Será que nos vão apodrecer e cair as mãos? Porque é que, já agora, não andamos sempre de luvas esterilizadas? Ou dentro de uma bolha?