Wednesday, June 11, 2008

O roubo - Parte 1

Eu a Jennifer fomos roubados. Não como antigamente. Ninguém nos atacou com uma faca ou ameaçou espetar-nos uma seringa infectada com alguma doença fatal no pescoço. O que nos aconteceu foi algo bem mais sofisticado, uma daquelas coisas de que se ouve falar, mas que se pensa que só acontecem aos outros: alguém teve acesso aos dados de um dos nossos cartões multibanco e andou para aí a gastar o nosso dinheiro a torto e a direito. O cartão esteve sempre connosco, mas, pelos vistos, alguém fez uma cópia e descobriu o PIN, porque a verdade é que, contas feitas, foram quase mil dólares que nos desviaram numa semana. E foi uma sorte a Jennifer ontem ter tido um daqueles pressentimentos sem explicação e ter-me pedido para ir à net ver se estava tudo bem com a conta. Se não fosse isso, tinham roubado muito mais, com certeza.

O curioso é que as transacções fraudulentas foram sempre efectuadas em bombas de gasolina. Eu sei que a gasolina está cara, mas gastar noventa ou cem dólares numa bomba de gasolina todos os dias parece-me estranho, a não ser que o filho da p#$% do ladrão tenha uma frota de autocarros ou ande a conduzir pela cidade um daquelas camiões que fazem cimento.

Bom, é claro que a primeira coisa que fizemos foi cancelar o cartão. O segundo passo foi irmos hoje ao banco para saber o que fazer a seguir. A funcionária que nos recebeu - impecável, por acaso - disse-nos que muita gente tem tido o mesmo problema, o que me leva a perguntar o seguinte: e o banco não faz nada? Não devia haver um sistema qualquer para detectar fraudes deste género? Não estão preocupados com o facto de haver para aí gente que - nem sei bem como - consegue ter acesso aos dados dos cartões multibancos dos seus clientes? Eu não sou polícia, nem muito o Grissom do CSI, mas há aqui um padrão evidente, tanto mais que todas queixas recebidas até ao momento envolvem débitos fraudulentos em bombas de gasolina na zona da Jamaica, aqui em Queens.

Aparentemente, o banco vai restituir-nos o valor desviado da conta depois de investigar o caso. Temos, para já, de escrever uma carta a explicar a situação. Desenvolvimentos aqui no blogue, à medida que forem acontecendo. Parece-me que isto vai ser uma novela com muitas partes.

3 comments:

Ricardo said...

Algo me diz que mesmo assim, dentro do azar, ainda podes vir a ter sorte, caso o banco devolva o dinheiro.

E algo me diz que encontraste mais uma diferença entre Portugal e América; quase que aposto que em Portugal esse dinheiro nunca seria reposto pelo banco!

Um grande abraço e que tudo se resolva da melhor maneira

Ricardo Andrade

Unknown said...

Agora vou passar uns tempos a ver a minha conta todos os dias!!!! Isto já não é da América. É o mundo global.

Nuno said...

Eu não digo todos os dias, mas duas ou três vezes por semana, no mínimo... Ainda mais em Portugal porque, aqui, ainda tenho esperança de que o banco me dê o dinheiro de volta, mas, se fosse aí, como diz o Ricardo, o mais certo era mandarem-me dar meia volta e, se fosse preciso, ainda me chamavam de mentiroso.