Thursday, July 3, 2008

O roubo - Parte 2

Aparentemente, a novela vai ter menos partes que o antecipado porque o banco já me creditou na conta o valor de todas as transacções fraudulentas. Ainda não é propriamente o capítulo final desta história já que, na carta que me enviaram, os senhores do banco dizem que isto é um «crédito provisório» enquanto eles investigam o caso, mas a prontidão com que o assunto está a ser conduzido é de salutar. Aliás, até o próprio facto de me darem um «crédito provisório» é digno de registo porque, no fundo, eles não sabem se fui mesmo roubado ou se lhes estou a dar uma grande tanga, mas partem do princípio que estou a ser honesto.

Não sei como a coisa seria tratada se tivesse acontecido em Portugal, mas a verdade é que nisto os americanos são muito bons. Há dois ou três meses atrás, por exemplo, quando estava a carregar o passe do metro, a máquina cobrou-me 50 dólares sem colocar esse valor no passe e, ao contrário da minha previsão de que nunca seria reembolsado porque não tinha pedido recibo, bastou escrever uma carta a explicar o que se tinha passado para me enviarem um novo passe com os 50 dólares.

O mesmo se aplica a trocas e devoluções de produtos. Eu sempre fui contra isso, devo dizer, sempre me senti mal a devolver algo que tivesse comprado, mas aqui é um processo tão natural que não tenho o menor problema em voltar à loja e dizer que afinal já não quero aquilo. Acho que isso faz parte da cultura americana, porque o consumismo é de tal ordem que as pessoas compram coisas que não sabem bem se gostam ou não só porque têm medo que esgote. Dessa maneira, podem levar o que compraram para casa e experimentar durante alguns dias, sempre com a certeza que têm a opção de devolver o produto sem terem de responder a nenhuma pergunta a não ser «quer a devolução em dinheiro ou crédito?».

No comments: