Saturday, November 1, 2008

Nem trick, nem treat

Mais um Halloween, e, de novo, não me bateu ninguém à porta a dizer «trick or treat». Já escrevi aqui no ano passado que, para mim, isto é a queda de um mito, mas, este ano, vou ainda mais longe e digo que, apesar de o terem inventado, os americanos não percebem nada de Halloween.

Toda a gente sabe que uma boa máscara de Halloween deve ser aterradora. Monstros, fantasmas, Josés Castelos Brancos, enfim, qualquer coisa que nos faça gritar de horror, mas os americanos parecem ter-se esquecido disso. Vi meia dúzia de crianças com aquela máscara do assassino do «Scream», dois ou três esqueletos fluorescentes, uma múmia e um Frankestein (ou então era um puto feio como o raio), mas nada que se compare com a quantidade de fadas, carochinhas, super-homens, piratas e outros disfarces completamente fora de época que por aqui andavam (e já nem sequer estou a contar com a quantidade exorbitante de Harry Potters, já que, não se tratando de uma personagem verdadeiramente monstruosa, uma máscara de Harry Potter acaba por ter uma componente assustadora, que mais não seja porque, para algumas franjas mais conservadoras da sociedade, deve ser realmente assustador que um puto se queira vestir de feiticeiro panasca).

Isto, claro, no que diz respeito a crianças. Passando agora para os adultos, a tendência para subvalorizar a componente assustadora do Halloween é igualmente visível, como pude confirmar ontem na festa para que fui convidado. Os homens apresentaram-se com disfarces absolutamente descabidos, que iam desde jogadores de hóquei no gelo a Jesuses Cristos, passando por chulos, senadores romanos e arqueólogos britânicos no Egipto; as mulheres, e apesar de haver muita bruxa, sem dúvida, também puseram de parte, na sua grande maioria, a vontade de aterrorizar e, bem pelo contrário, preferiram mais uma vez aproveitar a data para deixarem de parte as suas repressões mais profundas e abandonarem as convenções sociais no que a decência de vestuário dizem a respeito. Por mim, tudo bem, é evidente, nada contra, mas vamos lá a ser sinceros: se uma naughty nurse ainda pode assustadora porque não é por ter uma mini-saia até ao umbigo que nos deixa de dar uma injecção, se for preciso, «Ahhhh! Que horror! Que grande susto que me pregaste!» não é propriamente a primeira coisa que vem à mente de uma pessoa quando vê uma slutty housekeeper ou uma sexy catwoman.

1 comment:

Anonymous said...

Carago... isso está mal por ai, além da crise ainda tem josé castelos brancos e panascas ambulantes... ops... acho que não vou ai...
Alexandre